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Nomeações de Witzel para o comando das futuras secretarias da Polícia Civil e da Polícia Militar dividem especialistas

Reproduções do Facebook -
Braga é o atual diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE)
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Um tira à frente da Polícia Civil e um coronel de perfil mais burocrático no comando da Polícia Militar. Assim especialistas em Segurança Pública ouvidos pelo JORNAL DO BRASIL definiram as escolhas do governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), para a cúpula das polícias que serão promovidas a secretarias a partir de janeiro. Os nomes lançam ainda mais dúvidas sobre o tratamento que o tema mais explorado por Witzel na campanha merecerá em seu governo, tendo em vista que o governador eleito já propôs políticas consideradas até ilegais, como a de “abater” bandidos que portassem fuzis, independentemente de estarem em confronto ou não.

Com a extinção da Secretaria de Segurança, ganham destaque as secretarias da Polícia Militar e da Polícia Civil. Para a primeira, Witzel anunciou o nome do coronel Rogério Figueiredo de Lacerda, que assumiu a coordenação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em março, quando o programa já estava em fase de esvaziamento — antes, chegou a coordenar o setor de Inteligência e Operacional das UPPs, mas sem grande destaque. Para a segunda, o escolhido foi o delegado Marcus Vinícius Braga, que até ontem ocupava o cargo de Diretor Geral de Polícia Especializada (DGPE).

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Braga é o atual diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) (Foto: Reproduções do Facebook)

Colegas apontam Marcus Vinícius como um delegado com perfil “extremamente operacional”, que atuou, em boa parte de sua carreira, em delegacias especializadas. Marcus tem 47 anos e ingressou na Polícia Civil como inspetor em 2002. No ano seguinte, tornou-se delegado no Rio de Janeiro. Ao longo dos últimos 16 anos, teve passagens por delegacias distritais, como a 20ª DP (Vila Isabel) e a 16ª DP (Barra da Tijuca), no período de março 2015 a maio de 2017. Mas foi nas especializadas que seu trabalho ganhou maior notoriedade. Esteve à frente da Coordenadoria de Operações Especiais (Core) e das delegacias de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), de Combate às Drogas (Dcod) e de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA).

À frente da Dcod, o delegado coordenou uma das maiores apreensões de maconha realizadas no estado, cerca de seis toneladas, e prendeu o traficante Alexander de Jesus Carlos, o Choque. “Ele não é ligado a partido político e confirma a intenção do [governador eleito] de deixar a polícia mais livre para o planejamento das ações. O Marcus é um verdadeiro tira”, avaliou um colega de Braga. “Mas devemos ficar atentos para o risco de excessos da polícia, que não será mais submetida ao freio político da Secretaria de Segurança”, disse.

A escolha do coronel Rogério Figueiredo de Lacerda surpreendeu os próprios integrantes da Polícia Militar. “Ficamos surpresos com a nomeação”, afirmou um agente do Bope, apoiador da campanha de Witzel. Aos 49 anos, Lacerda dedicou quase 30 à corporação. Tem especializações em Comunicação Social e Educação Física, além do Curso Superior de Polícia Integrada e MBA em Gestão de Segurança Pública.

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Lacerda coordena as UPPS em março (Foto: Reproduções do Facebook)

Entre os batalhões em que atuou, estão o 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) e o 34ª BPM (Magé). Também foi secretário do comandante-geral (2007 e 2008), chefe da Seção Administrativa do Gabinete do comandante-geral (2008) e corregedor-chefe da 4ª Delegacia de Polícia Judiciária (2009). “Por ter formação em Educação Física, coordenou durante anos o treinamento dos policiais. Era o responsável por avaliar cadetes, oficiais e praças nos testes de aptidão física. Durante dois períodos, foi chefe da Educação Física na Academia de Polícia Militar”, contou um coronel da reserva, ex-chefe do Estado-Maior. “Sempre foi muito dedicado ao que fazia, mas não tem um perfil tão combativo”.

Reproduções do Facebook - Lacerda coordena as UPPS em março