A campanha vitoriosa de Wilson Witzel (PSC) não trouxe só alegrias para o futuro governador do Rio. Eleito com 4.675.355 votos, vencedor do pleito em 89 dos 92 municípios do estado (só foi derrotado por Eduardo Paes (DEM) na capital, em Niterói e em Rio das Flores, na Região do Médio Paraíba), o ex-juiz amargou uma sofrida derrota em seu eleitorado mais próximo. Em entrevista ao portal de notícias UOL, o cozinheiro Erick Witzel, de 24 anos, filho do governador eleito, deixou claro que as eleições deste ano podem o ter afastado de vez do pai.
Os dois mantinham uma relação “fria e distante, mas pacífica”, segundo o cozinheiro, filho do primeiro casamento do ex-juiz, mas que se deteriorou ao longo da campanha do candidato do PSC.
O primeiro estremecimento se deu quando Witzel revelou, em entrevista ao JORNAL DO BRASIL, que tinha um filho “trans”. Erick tinha pedido ao pai que não tocasse no assunto durante a corrida ao Palácio Guanabara. “Eu não queria a minha imagem e a minha condição de gênero associadas às causas dele”, disse o cozinheiro ao UOL.
O episódio definitivo para o rompimento, no entanto, foi o ato, em Petrópolis, em que Witzel apareceu ao lado do deputado estadual eleito Rodrigo Amorim (PSL), com uma placa em homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL) destruída. “Naquele momento, pensei: perdi o meu pai. Qualquer resto de humanidade dele se perdeu ali”, lamentou Erick, que diz sofrer ameaças homofóbicas pelas redes e, agora, decidiu tirar a bandeira LGBTQI do armário. “Hoje vejo o quanto era infeliz por não levantar essa bandeira. Meu amigo, eu sou a bandeira que eu represento. Levantar a minha bandeira é me levantar. Com a morte da Marielle, eu entendi isso”.