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Estudo da Fecomércio faz relação entre roubo de cargas e informalidade

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Os elevados índices de roubo de carga e a estabelecimentos comerciais têm relação com a informalidade no mercado de trabalho. É o que mostra estudo realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio RJ). A sondagem teve como base dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Segurança Pública (ISP).

O economista-chefe da Fecomércio RJ, João Gomes, disse à Agência Brasil que a informalidade cresceu bastante no estado, em especial na região metropolitana, a partir de 2014, quando teve início a crise econômica no país. Na capital fluminense, os números evoluíram a partir de 2016, com a realização dos Jogos Olímpicos.

Datas comerciais

O levantamento da Fecomércio RJ revela que o número de roubo de cargas apresenta picos nos meses de dezembro, tendo mais que dobrado nos últimos anos. As mercadorias e produtos oriundos dos roubos costumam ser revendidos de forma irregular no mercado informal, gerando perdas para a economia e a sociedade, em especial no período próximo a datas comerciais, como o Natal, por exemplo.

Com base no cálculo por habitantes (16,7 milhões de pessoas), a região metropolitana do Rio de Janeiro sofreu 5.639 roubos de cargas em 2014, sendo 763 no mês de dezembro, com 471 ocorrências somente na capital. Os números evoluíram para 6.913, 892 e 516, respectivamente, em 2015; para 9.469, 1.293 e 758, em 2016; e para 10.268, 1.118 e 546, em 2017, informou a assessoria de imprensa da Fecomércio RJ.

“Tem roubo de carga, tem pirataria, tem ilegalidade, tem pessoas com renda não estável dentro do mercado formal. Tudo isso é um cenário bastante favorável para questões ilícitas. Você tem roubo de carga alimentando a parte de alimentos, a parte de produtos duráveis. Isso tudo prejudica as vendas do comércio que precisa também gastar recursos com segurança”, informou João Gomes.

Informalidade

De acordo com o estudo, o percentual de pessoas de 14 anos de idade ou mais empregadas no setor privado com carteira assinada, caiu de 46,1% em 2014 para 39,6% em 2017. Em comparação, o total de trabalhadores por conta própria evoluiu, no mesmo período, de 21,7% para 26,9% e os sem carteira assinada de 7,7% para 8,8%.

O número total de trabalhadores no estado do Rio de Janeiro chegou a 7 milhões, em 2017, dos quais 3 milhões eram trabalhadores por conta própria e sem carteira. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), do IBGE. Os segmentos do comércio e serviços concentraram o maior número de trabalhadores sem carteira assinada no estado, com 81,1% de pessoas sem vínculo formal, equivalente a 900 mil pessoas desses dois setores trabalhando sem carteira, no ano passado.

Roubos

João Gomes analisou que vários fatores negativos contribuíram para que o estado se aprofundasse nesse processo. O roubo a estabelecimentos comerciais atingiu o pico de 47 por 100 mil habitantes, em 2014. “Você teve um crescimento muito forte. Depois, ele cai um pouco porque teve um investimento maciço em segurança por parte do comércio”, apontou. Em 2017, foram registrados 39 roubos por 100 mil habitantes a estabelecimentos comerciais. Gomes lembrou que, no ano passado, foram investidos pelos estabelecimentos do comércio em torno de R$ 10 bilhões na área de segurança.

Já o roubo de carga mostrou crescimento, passando de 36 por 100 mil habitantes, em 2014, para 63 por 100 mil em 2017, maior número da série histórica de dez anos. Em contrapartida, o menor índice foi observado no ano de 2010: 16 roubos de carga por 100 mil habitantes.

O economista disse que 2017 marcou o recorde de roubos de carga no estado: 10.599, ou média de 29 casos por dia. Aumento de 7,3% em relação às 9.874 ocorrências em 2016, de acordo com o ISP.