ASSINE
search button

Do Leme, não há nada igual a Copa

Bairro vizinho de Copacabana sofre com falta de manutenção das pedras portuguesas no fim do calçadão

Marcos Tristão / Jornal do Brasil -
Elvira adora se exercitar ali, mas mantém cuidado redobrado no início das caminhadas: "Tenho os joelhos operados, e esses buracos atrapalham bastante"
Compartilhar

Por pouco o calçadão da Avenida Atlântica, grande atrativo turístico e unanimidade entre os moradores do bairro de Copacabana, na Zona Sul do Rio, não ganha nota dez em conservação. Ao longo dos 4 km da orla, as famosas pedras portuguesas prosseguem desenhando as ondas do mar sem maiores turbulências. Ao chegar no Leme, porém, há verdadeiros agrupamentos de buracos. Um deles fica em frente ao Arena Leme Hotel, onde também falta tampa a um bueiro; o outro, pouco antes da Pedra do Leme.

A fama internacional de Copacabana é indiscutível. Só no último réveillon, foram 2,4 milhões de participantes. O censo mais recente, de 2013, contabiliza 150 mil moradores, 16,7% deles constituídos por idosos. Uma pedra portuguesa fora do lugar, sobretudo para este público de mais de 60 anos, pode trazer consequências dramáticas. Gilda Penha, 63, e Fátima Rangel, 62, que compartilham há dois anos uma barraca de refrigerantes no fim do Leme, já testemunharam problemas por ali: “Um dia tive que acudir com gelo uma senhora que torceu o pé no buraco”, conta Gilda.

O calçadão foi o primeiro local da cidade a receber calçamento de pedras portuguesas, no início do século passado. A ideia foi do então prefeito Paulo de Frontin (1860-1933), como homenagem aos colonizadores portugueses, depois de conhecer a Praça do Rossio, em Lisboa, com desenho idêntico, simbolizando o encontro do Rio Tejo com o oceano. Foi ele quem escolheu o traçado, conhecido como “Mar Largo”, que no Rio, representa o movimento das ondas do mar. No fim dos anos 60, a Avenida Atlântica passou por uma reforma, e foi o paisagista e artista plástico Roberto Burle Marx o convidado para modernizar a calçada, que triplicou de tamanho, com a introdução de uma segunda pista para os automóveis. Antes, o desenho era perpendicular à praia, após a reforma, passou a ficar paralelo. Nem por isso, menos decorativo.

Joelhos operados

A filósofa e advogada mineira Elvira Maria Bastos, 55 anos, confessa seu encantamento com o bairro do Leme, onde foi morar no início do ano. Ela gosta de caminhar pelo calçadão, e sua única ressalva são os buracos que se acumulam no fim da orla, justamente onde começa a se exercitar. “Tenho os joelhos operados, e esses buracos atrapalham bastante”, diz, enquanto aproveitava a beleza da sexta-feira ensolarada, de atmosfera lavada.

Segundo a Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente, o setor disponibiliza cerca de 20 profissionais especializados em reparos nas pedras portuguesas. Ela observa que o local exige fiscalização e manutenção constantes e prometeu realizar o quanto antes uma vistoria no local.

Marcos Tristão / Jornal do Brasil - Buracos representam riscos para quem pratica corrida na orla
Marcos Tristão / Jornal do Brasil - Buracos destoam do belo ondular do calçadão, inspirado na Praça do Rossio, em Lisboa
Tags:

cidade