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Crítica: '11-11-11'

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O longa-metragem 11-11-11 (EUA/Espanha, 2011), roteirizado e dirigido por Darren Lynn Bousman (Jogos mortais 3), trabalha com a falta de fé de um homem em meio a uma conspiração demoníaca. O ateísmo de seu personagem principal (interpretado por Timothy Gibbs) serve bem aos propósitos da criatura do mal na intenção da criação de uma religião diferente de como a conhecemos. Escritor de sucesso, o personagem possui imensa credibilidade que é aproveitada para fins tanto obscuros, como malígnos. O jogo de manipulações que tem início poucos dias antes da data em questão acaba funcionando bem na tela.

O filme possui uma atmosfera sombria, realçada pela bonita fotografia ora de tonalidade cinza, ora azulada e, ainda, desbotada em vários momentos. Lynn Bousman utiliza o orçamento modesto para filmar várias cenas escuras no interior da residência para a qual o protagonista viaja para rever o pai moribundo. Com a maioria de suas locações na Espanha, 11-11-11 possui alguma originalidade em seu mote, com sua reviravolta desconcertante no final. As pistas que conduzem a película ao desfecho surpreendente estão todas lá. O suspense da narrativa é construído paulatinamente e seu resultado final, embora deixe pontas soltas e mal explicadas, é satisfatório.

A personalidade do protagonista de Timothy Gibbs foi bem explorada e aprofundada ao longo da narrativa. Atormentado por pesadelos nos quais relembra os últimos momentos de seu filho e esposa, o herói se vê perseguido pelo combinação numérica 11-11, aumentando seu sofrimento. Gibbs defende bem seu papel com uma atuação intimista e dedicada, vivendo um homem desiludido e depressivo que perdeu o rumo na vida. Tanto as complexidades do personagem, como sua interpretação, colaboram para a funcionalidade da trama.

Um tanto oportunista em sua idealização, já que aproveita a data cabalística (na qual ocorreria o fim da humanidade) como objeto principal de sua campanha promocional - seu lançamento, inclusive, ocorreu na data que dá título ao filme. 11-11-11, mesmo claudicante quanto à coerência (alguns elementos fílmicos não se encaixam), possui ritmo e um clima sufocante de angústia, com direito a alguns sustos no espectador durante a projeção. Subversivo em seu conteúdo e denso em sua estética, o filme é um paradoxo de teor religioso que obtém êxito.

Cotação: ** (Bom)