POLÍTICA

Lula volta à Presidência em um Brasil conturbado e dividido

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Por POLÍTICA JB com Reuters
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Publicado em 01/01/2023 às 06:08

Alterado em 01/01/2023 às 06:57

Lula tem um país inteiro a agregar Adriano Machado/Reuters

Luiz Inácio Lula da Silva será empossado como presidente do Brasil neste domingo (1°) sob segurança reforçada na capital brasileira após ameaças de violência por partidários de seu antecessor de extrema-direita Jair Bolsonaro.

A cerimônia no Congresso começa às 15h (18h00 GMT), após a qual Lula seguirá para o palácio do Planalto para vestir a faixa presidencial diante de uma multidão de 30 mil apoiadores, enquanto cerca de 300 mil devem se reunir para comemorar na esplanada dos Ministérios.

Lula, 77, derrotou Bolsonaro por pouco em outubro para ganhar um terceiro mandato presidencial sem precedentes, após um hiato que o levou a passar um ano e meio atrás das grades por acusações de corrupção que foram posteriormente anuladas.

Em seus anos anteriores como presidente, de 2003 a 2010, o ex-líder sindical tirou milhões de brasileiros da pobreza durante um boom de commodities que impulsionou a economia.

Agora, ele enfrenta o grande desafio de melhorar a economia estagnada do Brasil e, ao mesmo tempo, unir um país que se tornou dolorosamente polarizado sob o governo de Bolsonaro.

"Muito se espera de Lula. Ele terá a difícil missão de restabelecer a normalidade e a previsibilidade do Brasil e, sobretudo, entregar rapidamente resultados que melhorem a qualidade de vida de seus habitantes", disse Creomar de Souza, diretor da Dharma Political Consultoria de riscos em Brasília.

Bolsonaro trocou o Brasil pela Flórida na sexta-feira, evitando ter que entregar a faixa ao rival, cuja vitória ainda não reconheceu, e ao mesmo tempo se livrar de quaisquer riscos jurídicos imediatos relacionados ao seu mandato.

Seus partidários protestam há dois meses que a eleição foi roubada e pedem um golpe militar para impedir que Lula volte ao cargo, em um clima de vandalismo e violência.

Um apoiador foi preso por fazer uma bomba que foi descoberta em um caminhão carregado com combustível de aviação na entrada do aeroporto de Brasília, e confessou que pretendia semear o caos para provocar uma intervenção militar.

As autoridades mobilizaram 10.000 policiais e soldados para reforçar a segurança nas comemorações deste domingo e revistar os participantes, que não podem levar garrafas, latas, mastros de bandeira ou armas de brinquedo. O porte de armas de fogo por civis também foi temporariamente proibido.

Os organizadores disseram que delegações de 50 nações e 19 chefes de estado e governos, incluindo o rei da Espanha, confirmaram presenças.

Na sexta-feira, antes de voar para a Flórida, Bolsonaro fez um discurso emocionado à nação, no qual condenou o atentado como um "ato terrorista", mas elogiou os manifestantes acampados do lado de fora de alguns quartéis do Exército no país.

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