No sábado (14), o presidente Jair Bolsonaro publicou em suas redes sociais os nomes de alguns candidatos que apoiava nas eleições realizadas nesse domingo (15). Um dia depois, porém, ele apagou o post.
Ele citou Celso Russomanno (Republicanos), que disputava a Prefeitura de São Paulo; o atual prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos); Delegada Patrícia (Podemos), em Recife; Bruno Engler (PRTB), em Belo Horizonte; Coronel Menezes (Patriota), em Manaus; e Capitão Wagner (Pros), em Fortaleza.
Destes, apenas Crivella e Capitão Wagner foram para o segundo turno. Nenhum em primeiro lugar. Ainda no Rio, seu filho, Carlos Bolsonaro, não repetiu a votação da eleição anterior, e não conseguiu ser "o vereador mais votado do Brasil", como da outra vez.
No Rio, com 100% das urnas apuradas, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) teve 37% dos votos e o atual alcaide, 21,9%. Em Fortaleza, com quase 100% da apuração completada, Sarto (PDT) tem 36% dos votos, enquanto Capitão Wagner surge com 33%.
'Vai muito mal' no Sudeste
Segundo Carlos Sávio Gomes Teixeira, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF), "sem dúvida essas eleições municipais não apontam uma vitória do bolsonarismo".
"Nas três principais capitais da região Sudeste, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, onde está concentrada a maioria do eleitorado, o bolsonarismo vai muito mal. Em São Paulo, o Russomanno teve um desempenho pífio, embora isso não possa ser colocado totalmente na conta do Bolsonaro, pois o candidato já teve resultados pífios outras vezes. Mas, dessa vez, se esperava que fosse para o segundo turno. No Rio, o Crivella, com apoio da máquina, do Bolsonaro e da Universal, conseguirá ir ao segundo turno, mas apontando uma derrota fragorosa para o Paes. Em Belo Horizonte, o atual prefeito, Alexandre Kalil [PDS], opositor de Bolsonaro, teve uma vitória avassaladora", disse o especialista.
Em São Paulo, com quase 100% das urnas apuradas, o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), teve 32,86%; Guilherme Boulos (Psol) obteve com 20,24%; Márcio França (PSB) conseguiu 13,64%; e Russomanno foi apenas o quarto, com 10,5%. foi flagrante a derrocada, depois de que Bolsonaro virou onipresente na campanha. Em Belo Horizonte, também com perto de 100% dos votos apurados, Kalil teve 63,37% e Engler, 9,95%.
'Dissipação da direita'
Já para o sociólogo Marcelo Seráfico, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o "bolsonarismo parece sair enfraquecido na maioria das cidades de médio e grande porte", mas é "preciso saber o que se passa nas pequenas cidades para ver o impacto geral desse enfraquecimento".
Segundo ele, "houve uma ampliação do leque de candidatos que buscou se identificar com algumas bandeiras do bolsonarismo, assumindo-se ou não bolsonaristas", o que, "combinado às condições conjunturais de cada cidade, levou a uma espécie de dissipação do eleitorado de direita".
"Ocorreu na direita uma diversificação, multiplicação, que não se verifica na esquerda nem no centro. Novos partidos, reivindicando pautas bolsonaristas, mas cujos lastros, muito frequentemente, estão em velhos partidos. Talvez isso tenha levado os eleitores a escolher a tradição, o conhecido, atenuando os efeitos do oportunismo eleitoral de vários candidatos", disse. (com agência Sputnik Brasil)
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