ASSINE
search button

Celso de Mello levanta sigilo e libera vídeo da polêmica reunião com Bolsonaro e Moro

REUTERS/Adriano Machado -
Ministro do STF, Celso de Mello
Compartilhar

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou no fim da tarde desta sexta-feira (22) o sigilo sobre o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, citada pelo ex-ministro Sergio Moro como prova na apuração em torno de uma possível interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

Macaque in the trees
Ministro do STF, Celso de Mello (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

"Determino o levantamento da nota de sigilo imposta em despacho por mim proferido no dia 08/05/2020 (Petição nº 29.860/2020), liberando integralmente, em consequência, tanto o conteúdo do vídeo da reunião ministerial de 22/04/2020, no Palácio do Planalto, quanto o teor da degravação referente a mencionado encontro de Ministros de Estado e de outras autoridades", escreveu Mello em sua decisão.

O ministro do Supremo ainda informou, no mesmo documento, que apenas trechos envolvendo outros países – um deles seria a China – foram vetados de liberação, sendo mantidos os demais momentos da reunião que aconteceu no mês passado em Brasília.

"Assinalo que o sigilo que anteriormente decretei somente subsistirá quanto às poucas passagens do vídeo e da respectiva degravação nas quais há referência a determinados Estados estrangeiros", explicou Mello.

O trecho citado por Moro quando da sua saída do Ministério da Justiça, aparece em um dos trechos divulgados pelo STF. Nele, Bolsonaro critica a impossibilidade de interferir na PF. Em meio a muitos palavrões, o presidente ofende veículos de imprensa, que estariam usando familiares dele para atacá-lo, e garantiu que quer todo o povo armado contra uma possível ditadura.

Em outro trecho, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, reclamou que tinha uma série de denúncias contra ele em um órgão no governo, e destacou que era preciso prender uma série de pessoas no Brasil, a começar pelo STF. Ele ainda disse detestar índios e ciganos, preferindo classificar todos como brasileiros.

Caso Moro

A saída de Moro aconteceu após a oficialização da demissão do então diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo, nome este indicado pelo à época ministro da Justiça. Ele não aceitou a saída do seu indicado por falta de justificativas do presidente, e decidiu também entregar o cargo, alegando interferência de Bolsonaro na corporação.

Moro não aceitou o nome do delegado Alexandre Ramagem para comandar a PF na vaga de Valeixo – até mesmo a deputada federal Carla Zambelli tentou convencê-lo, sem sucesso. A denúncia do ex-ministro fez o ministro Alexandre Moraes, do Supremo, impedir a posse de Ramagem tão logo ele foi indicado.

Um inquérito foi aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e o vídeo da reunião, citado tanto por Moro quanto por Bolsonaro em entrevistas, acabou sendo alvo de perícia da PF e foi avaliado por Celso de Mello após os pronunciamentos da defesa de Moro, da Advocacia-Geral da União (AGU) e da PGR.(Sputnik Brasil)