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Lentidão do TSE favorece ‘fake news’

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A menos de cinco meses do primeiro turno das eleições, integrantes do Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições – criado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para discutir estratégias contra as chamadas “fake news” – criticam a falta de avanço nos trabalhos e alertam para os riscos de a Corte Eleitoral não estar preparada para enfrentar o problema no próximo pleito. A tendência é que não vá adiante a proposta de criar uma plataforma online de “fact-checking” no TSE. Em nota, o TSE informou que a Corte está trabalhando o tema com base em sugestões enviadas pelo conselho: “O material está sendo consolidado para que seja apresentada uma proposta final ao colegiado já na próxima reunião, em data a ser definida”, diz a nota.

Diretora da Agência Lupa, Cristina Tardáguila lembrou que a lei eleitoral mudou - ela permite que políticos impulsionem postagens - e o acesso às redes aumentou. “Espera- -se que o gasto no digital seja significativo nas eleições deste ano”, ressalta. Diante disso, o sistema político terá de enfrentar um grande - nem tão novo - desafio: evitar que a campanha eleitoral seja desvirtuada pelas “fake news”, espalhadas por robôs virtuais que proliferam desinformação por perfis falsos. 

A “Lupa” checa pelo menos 80 frases por mês de atores políticos e, junto com a agência “Aos Fatos”, integra um programa de controle de fake news lançado na semana passada pelo Facebook, que não envolve a retirada de conteúdos da rede social, nem impede a publicação, e sim reduz sua distribuição. Os critérios de checagem das agências, assim como os da “Truco”, da Pública, passam pelos requisitos da International Fact Checking Network (IFCN) - um dos quais é o apartidarismo.

Somente a checagem, porém, não é suficiente. “Acreditar que o checador sozinho vai resolver o problema é ingênuo. Isso só vai ter solução quando o cidadão comum souber verificar o que ele lê”, afirma a diretora da Lupa. Tai Nolan, diretora da “Aos Fatos” acrescenta: “O grande vetor de notícias falsas no Brasil é o WhatsApp, e quanto a isso não existe medida de checagem, ainda”. 

Cristina citou ainda o exemplo da plataforma criada pelo Instituto de Tecnologia e Equidade (ITE) e Sociedade (ITS-Rio), executada pelo AppCívico, chamada PegaBot. O serviço verifica um perfil nas redes sociais e fornece um formato de pontos, de 0 a 100, segundo a probabilidade de aquele atendimento ser feito por um software programado. O Instituto lançou ontem uma versão em espanhol com objetivo de testá-la nas próximas eleições do México, no início de junho. “Quando muitas pessoas estão falando sobre determinado assunto, isso interfere na construção do consenso coletivo”, diz Thiago Rondon, codiretor do ITE. “A ideia é fazer com que as pessoas se questionem de onde está vindo essa informação. E, eventualmente, questionar seu comportamento robótico nas redes sociais”.