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Partidos calados diante da ameaça militar

Até agora, apenas o PT e o PSOL se posicionaram sobre as manifestações do general Villas Bôas

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Até agora, apenas o PT e o PSOL se posicionaram sobre as manifestações do comandante do Exército, general Villas Bôas,  pressionando o STF a negar hoje o habeas corpus do ex-presidente Lula e advertindo que a força está atenta “às suas missões institucionais". A OAB desta vez foi rápida, como devia.  Quando os partidos se calam diante de manifestação tão grave, de duas uma: ou se omitem, por alienação ou oportunismo, ou estão flertando com o perigo.  Antes de 1964, era o que faziam, como disse o general Castelo Branco, “as vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar extravagâncias do Poder Militar”.

Em nota assinada pela presidente Gleisi Hoffman e os líderes Lindberg Farias (Senado) e Paulo Pimenta, o PT começa criticando a Rede Globo de Televisão, pelo destaque dado à postagem do comandante do Exército em rede social, onde apontou para o julgamento de hoje no STF ao dizer que sua força compartilha com os “cidadãos de bem” o repúdio à impunidade.   “Assim como defendeu o general Villas Bôas nas redes sociais, nós do PT sempre combatemos a impunidade e respeitamos a Constituição, inclusive no que tange ao papel das Forças Armadas definido na Constituição democrática de 1988. A defesa da Constituição implica em reconhecer a presunção da inocência, conforme definida no parágrafo 57 do artigo 5o. É o que esperamos que seja ratificado hoje pelo plenário do STF”, diz a nota do PT.

A do PSOL é mais contundente, quando diz: “O PSOL repudia com veemência as declarações do general Vilas Boas, proferidas às vésperas do julgamento do STF.   Em tom inaceitável, o comandante das Forças Armadas sugere veladamente que o Exército poderia agir a depender do resultado do julgamento do Habeas Corpus do ex-presidente Lula.  Dessa forma, o general age como “indutor” da violência entre os brasileiros, incentivando os mais desequilibrados a se insurgir contra a Constituição brasileira.”

O PSDB não se posicionou oficialmente, mas seu secretário-geral, deputado Marcus Pestana, declarou ao JB que o partido vê nas declarações do general uma legítima manifestação de preocupação com a impunidade.

- O general Vilas Bôas tem primado pelo equilíbrio e a ponderação. Sem dúvida ele não fez aquela postagem de forma irrefletida. Ela traduz esta preocupação das Forças Armadas, que é legítima mas não significa ameaça de intervenção.  O ex-ministro da  Defesa Raul Jugnmann traduziu recentemente o espírito que governaria as Forças Armadas, e acredito nisso: “Fora da Constituição, nada”.  Temos também de reconhecer que o Congresso está fragilizado, que a própria Presidência ficou enfraquecida a partir das duas denúncias e que o STF se desgastou muito, especialmente com a exposição eletrônica de suas decisões, que deviam ser mais reservadas e sóbrias” – disse Pestana. Não haverá nota do PSDB.

No PMDB e no Democratas,  assessores das direções também desconhecem qualquer manifestação oficial.

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