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Temer evita falar em prisões, mas cita "bombardeios a todo momento” em evento

Presidente participou de inauguração em Vitória no mesmo dia em que Yunes e Lima foram presos

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O presidente Michel Temer participou, na manhã desta quinta-feira (29), da inauguração de um novo terminal do Aeroporto de Vitória (ES). Temer não concedeu entrevistas e nem comentou diretamente as prisões do advogado José Yunes, ex-assessor especial da Presidência da República, e João Baptista Lima Filho, ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo, ambos amigos dele. Contudo, ao discursar, afirmou que a Presidência é um “trabalho dificílimo” e “fica sujeito a bombardeios a todo momento”.

“Sem embargo da Presidência ser um trabalho dificílimo, é uma coisa que você fica sujeito a bombardeios a todo momento, mas tenho a felicidade de ter chegado aqui, e não estou falando de um governo de quatro anos ou oito anos. Estou falando de um governo que completou dois anos. Tem 1 ano e 11 meses. E foi nesse período que pudemos fazer tudo isso que foi feito e, particularmente – e aqui quero comemorar – poder inaugurar no dia de hoje o Aeroporto de Vitória”, afirmou Temer no discurso.

Temer viajou para Vitória com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Maurício Quintella (Transportes), Henrique Meirelles (Fazenda), Dyogo Oliveira (Planejamento) e Torquato Jardim (Justiça). O governador Paulo Hartung (MDB) não compareceu ao evento.

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A operação da Polícia federal deflagrada nesta quinta-feira foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito que investiga se Temer recebeu propina para emitir em maio de 2017 um decreto beneficiando empresas do setor portuário. Também foram presos o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi e Antônio Celso Greco, dono da empresa Rodrimar.

Por determinação do STF, a PF restringiu a divulgação de informações a respeito da operação. O MPF também informou que, por se tratar de medidas cautelares, autorizadas para “embasar investigações em curso”, não confirmaria os nomes de todos os investigados alvos dos mandados.

Procurada pela reportagem, a defesa de Rossi informou que o ex-ministro está aposentado há sete anos e que não atuou mais profissionalmente na vida pública ou privada. “Nunca mais participou de campanhas eleitorais ou teve relacionamentos políticos. Nunca foi chamado a depor no caso mencionado. Portanto, são abusivas as medidas tomadas. Apesar disso, Wagner Rossi está seguro de que provará sua inocência”, informa a nota dos seus advogados.

O advogado de Yunes, José Luis Oliveira Lima, considerou, em nota, "inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia, que sempre que intimado ou mesmo espontaneamente compareceu a todos os atos para colaborar. Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e contra a cidadania".

Os advogados de Temer sustentam que o decreto presidencial apenas validou concessões iniciadas em 1993 e atribuídas através de licitações.

As investigações começaram em 2017 com base nas delações premiadas de executivos do grupo J&F, dono da JBS. As revelações já levaram a duas denúncias contra Temer, mas rejeitadas pela Câmara dos Deputados.

O chamado Decreto dos Portos estendeu de 25 a 35 anos os prazos dos contratos de concessão e aluguel de instalações portuárias.