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"A minha condenação será a negação da Justiça", diz Lula

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma entrevista coletiva nesta quarta-feira (20), quando falou sobre o processo contra ele na Justiça, a eleição de 2018 e as acusações que pesam sobre ele. O recurso contra a condenação a nove anos e meio de prisão, determinado pelo juiz federal Sérgio Moro, será julgado no dia 24 de janeiro, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF). "A minha condenação será a negação da Justiça", afirmou.

Lula afirmou que a Justiça "vai ter que fazer um esforço monumental para transformar uma mentira em verdade e julgar uma pessoa que não cometeu crime". Ele destacou que a sua condenação "será a negação da Justiça".

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O ex-presidente afirmou ainda que tem a "tranquilidade" de que vai ser absolvido. "Não tem [crime]. É por isso que eu tenho desafiado a Polícia Federal, o Ministério Público da Lava Jato, a mostrarem uma única prova. Eu não peço duas. Eu peço uma. A minha inocência eu já provei. Quero que agora eles provem a minha culpa."

Lula ainda falou sobre os recentes comentários do jornalista Reinaldo Azevedo, que sempre se posicionou de forma crítica com relação ao petista, mas vem declarando ultimamente que o ex-presidente foi condenado sem provas. "Eu aconselho vocês a lerem as peças [do processo] para me defenderem, como o [jornalista e colunista da Folha] Reinaldo Azevedo está fazendo [risos]. Ele todo dia fala "Eu li. Eu li o processo". Eu não peço para dizerem que eu sou inocente, não. Peço que vocês leiam. E se acharem uma vírgula de culpa, por favor, me telefonem. É só isso."

Lula afirmou ainda que está "com tesão" de um homem de 20 anos para ser candidato. "Como eles podem tentar evitar que um velhinho de 72 anos de vida, energia de 30 anos e tesão de 20 seja candidato? Não é possível. É tanta coisa boa junta que eles têm que deixar, porra. Ainda mais um cara que tem um otimismo, sozinho, que todos não tem juntos".

O ex-presidente comentou também sobre as delações e a expectativa de se encontrar provas contra ele: "Já são milhares de empresários presos, centenas de delações. E até agora não existe uma única prova. Eu fico até com pena. Conheço casos e casos, contados por advogados, de pessoas que eram perguntadas [pelos investigadores]: "E o Lula? Ele sabia?". Então tinha uma senha (...) Vocês diziam: 'Quando prenderem o [pecuarista José Carlos] Bumlai, o Lula tá ferrado. Quando prenderem o Marcelo [Odebrecht], o Lula tá ferrado. Quando prenderem o Emílio [Odebrecht], o Lula tá ferrado. Quando prenderem o Aécio [Neves], o Lula tá ferrado. Quando prenderem o [Antonio] Palocci, o Lula tá ferrado'. Pode prender o papa Francisco! Eu duvido que nesse país tenha alguém com a consciência mais tranquila do que a minha. Mesmo os que escrevem contra mim."

Sobre a eleição para presidente em 2018, Lula afirmou: "Estarei candidato se o partido quiser porque no fundo o PT que vai decidir até o dia em que uma instância [da Justiça] diga que eu não posso ser candidato. A minha vontade é sair com o meu atestado de inocência no dia 24. Se não for nesse dia, recorrer. Porque eu não vou passar para a história como um inocente condenado. Eu prefiro moralmente condenar quem me julgou, condenar parte da imprensa que mentiu três anos seguidos contra mim. Essa semana houve o depoimento de um cidadão chamado [Rodrigo] Tacla Duran [advogado que trabalhou para a Odebrecht e faz acusações à força-tarefa da Lava Jato]. E a grande imprensa não deu nada. Imagine se ele estivesse acusando o PT. Nós teríamos sido capa e contracapa. Há um conluio para fazer com que a mentira vença".