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'FT': Brasil teme volta de ditadura com Bolsonaro e seu louvor a Ustra

Jornal fala sobre a forte onda ultraconservadora radical que político lidera

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Matéria publicada nesta segunda-feira (13) pelo jornal inglês Financial Times começa lembrando quando o legislador nacionalista e candidato presidencial Jair Messias Bolsonaro dedicou seu voto para seguir o processo de impeachment de Dilma Rousseff, então presidente do Brasil, a um notório coronel do exército conhecido por sua brutalidade durante a longa ditadura militar brasileira de três décadas. 

Isto causou arrepios em muitos, acrescenta FT. Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe de inteligência nacional tão admirado por Bolsonaro, foi amplamente acusado de prisão ilegal e tortura de ativistas de esquerda.

O coronel "foi um herói", diz Bolsonaro ao Financial Times.

 "Se eu for presidente, ele terá um busto no palácio", diz o antigo capitão do exército de 62 anos. 

"Não houve ditadura no Brasil. As pessoas tinham liberdade para ir e vir, ir para a Disneylândia, voltar sem problemas. A ditadura era para os bandidos, os vagabundos, então a lei era difícil para eles".

O seu louvor pela uma figura tão controversa alarma aqueles que temem o político populista - visto como uma mistura do presidente dos EUA Donald Trump e do Rodrigo Duterte das Filipinas - possa ser eleito presidente nas pesquisas em outubro do próximo ano.

"É uma afronta para a nação", diz Adriana Diogo, um político esquerdista, que em 1973 foi arrastado de seu apartamento sem calcinha por soldados sob o comando de Brilhante Ustra e torturada por três meses. 

"Se ele for eleito presidente, de repente o Brasil voltaria a isso. É um revés. Eu acho muito perigoso. "

Bolsonaro nega que ele seja um populista, mas gera uma série de polêmicas políticas, incluindo o fim do controle de armas no Brasil. 

"A segurança é o dever de todos", diz ele. Seus comentários sugerem que, se um criminoso armado lutar, ele tomaria uma abordagem relaxada para a brutalidade policial. "O policial pode disparar, e se, por acaso, o criminoso morrer, paciência".

Times destaca que o apoio a pontos de vista radicais como os que Bolsonaro defende está crescendo em algumas partes do Brasil. Em uma pesquisa recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 60 por cento dos adultos concordaram com a afirmação de que "a maioria de nossas questões sociais seria resolvida se pudéssemos livrar-nos de pessoas imorais, delinquentes e pervertidos".

"As pessoas às vezes tratam Bolsonaro como uma figura cômica, como uma piada e ele não é. Ele já se tornou um político muito importante ", explica Maurício Santoro, cientista político da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. 

"Ele é uma voz extrema gritando que ele é a solução para os problemas do Brasil, preenchendo o vazio deixado por políticos mais tradicionais".

>> Financial Times