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'El País': Podem as urnas absolver Lula?

Artigo de Juan Arias fala sobre influência do povo na política

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Nesta quarta-feira (19) o jornal espanhol El País traz um artigo de opinião de Juan Arias onde analisa que os brasileiros têm a oportunidade de impedir que os políticos moralmente mortos possam ressuscitar nas urnas.

Arias lembra que em suas primeiras palavras, depois de sua condenação a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-presidente Lula lançou um desafio que merece ser analisado pela sutileza e a gravidade que encerra.  

O autor destaca que apesar de todas as condenações judiciais, Lula será candidato às presidenciais em 2018 e aponta que esta afirmação de Lula apresenta um problema real e, ao mesmo tempo, perigoso: podem as urnas, ao eleger um condenado por corrupção, absolvê-lo de seus crimes? Quem teria mais força, uma sentença judicial ou uma decisão eleitoral?

Para ele, o carismático e popular Lula conhece como poucos a idiossincrasia das massas e não lhe falta capacidade de convicção, entende perfeitamente os mecanismos da comunicação e sabe como reverter as coisas, conforme vê por onde sopram os ventos da opinião pública. 

Juan opina que sobra-lhe sagacidade política, então Lula encontrou uma fórmula mágica para ignorar a sentença do tribunal de justiça lançando os seguintes desafios: quem pode e deve condená-lo não são os juízes, mas a rua, os eleitores, com seu voto nas urnas.

Para ele a estratégia de Lula de exigir o veredito dos eleitores, que, em seu caso, poderia acabar salvando-o da prisão, encerra, porém, uma perigosa falácia. "Significaria dar maior peso à opinião pública que aos tribunais de Justiça", avalia. 

O autor considera este um jogo perigoso, já que o que se conhece pela experiência de corrupção política que o Brasil sofre é que a maioria dos hoje denunciados ou condenados foram os que o maior número de votos conseguiu nas urnas. 

Arias faz um paralelo entre os meios financeiros e maiores possibilidades de serem reeleitos, sendo assim mais óbvio os corruptos conseguirem mais votos. Ele acredita que esse será o novo desafio para o eleitor brasileiro em 2018: estar alerta para não “absolver” nas urnas, como no passado, aqueles que são notoriamente corruptos ou corruptores.

Para encerrar, Juan Arias evoca o evangelho: “A César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. “Deixem que os mortos enterrem seus mortos”( Mateus 8:21). 

E conclui que os brasileiros têm a ocasião, nas eleições do próximo ano, de impedir que os políticos moralmente mortos possam ressuscitar nas urnas.

> > El País