ASSINE
search button

Movimentos sociais prometem mobilizações sem trégua até a queda do governo

Compartilhar

Após a tsunami que atingiu o comando do governo na última quarta-feira, os movimentos sociais prometem mobilizações sem trégua para forçar a renúncia do presidente Michel Temer, pressionar o Congresso a convocar eleições diretas e barrar as discussões sobre as reformas trabalhista e da Previdência na Câmara e no Senado.

Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, Leonardo Péricles, coordenador do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, diz que daqui para frente a voz das ruas vai soar cada vez mais alto até a queda do governo. A estratégia, na eventual saída de Temer, é impedir que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assuma e convoque, em 30 dias, uma eleição indireta que seria resolvida pelo próprio Congresso.

"Esse Congresso Nacional não tem legitimidade nenhuma para tomar decisões, ainda mais uma dessa envergadura. Embora seja uma questão de Constituição, cabe ouvir as mobilizações, que o povo decida o seu destino. Nesse sentido, as manifestações vêm crescendo. Domingo acontecerão outras grandes mobilizações. Aqui em Belo Horizonte mesmo, haverá uma a partir das nove da manhã na Praça da Liberdade e em várias capitais e cidades do país", diz o coordenador do movimento, que integra entidades como a Frente Povo Sem Medo e o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).

"Está se tentando dar um golpe dentro do golpe. É uma articulação que possivelmente o Temer já não estava dando conta, como de implementar as antirreformas. Estão querendo uma espécie de legitimação para continuar os ataques aos direitos da classe trabalhadora. Isso não podemos aceitar e as mobilizações devem crescer. Estamos incentivando a mobilização para que a gente possa derrubar esse governo ilegítimo, golpista e corrupto que é o governo do Temer, e estabelecer condições para que o povo possa governar, que seja o poder no nosso país. Esses escândalos só confirmam o que a esquerda de verdade já fala há muito tempo: as grandes empresas, o grande capital financiam, mandam e desmandam na maioria dos deputados, dos chefes executivos. Não podemos admitir mais essa falsa democracia", diz Péricles.

Nesta sexta-feira, durante delação no Ministério Público, o diretor do frigorífico JBS Ricardo Saud detalhou o esquema de doações feitos pela empresa, de quase R$ 600 milhões, repassados através de propinas, para 1.829 candidatos de 28 partidos. Os recursos, segundo o executivo, conseguiram eleger 179 deputados federais de 19 siglas, 28 senadores e 16 governadores.

"Isso é um terço do Congresso Nacional, só de uma empresa, e praticamente metade do Senado foram financiados. Isso só confirma a dimensão do grande monopólio do capital mandando e desmandando na política do país", diz Péricles. Para ele, o aumento da repressão às manifestações pode ser vencido com o comparecimento cada vez maior dos trabalhadores nas ruas.

Sputnik