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Dono da JBS relata tentativa de barrar investigações e Temer responde 'ótimo'

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O presidente Michel Temer, em conversa gravada com o dono da JBS, Joesley Batista, escuta o empresário relatar que estava interferindo nas investigações, e responde “Ótimo, ótimo”, sem repreender o interlocutor e informar os órgãos competentes. Ter conhecimento do crime e permitir que ele aconteça é prevaricação, o que é punido pela lei brasileira. A conversa de Joesley com Temer foi gravada em março, no Palácio do Jaburu.

Na conversa, Joesley comenta, após uma fala inaudível de Temer, que é investigado, mas que não havia sido denunciado pelo Ministério Público. 

"Não tem a denúncia", destaca Temer.

"Isso, isso. Investigado. Eu não tenho ainda a denúncia. Eu dei conta de um lado o juiz. Dá uma segurada. De outro lado, o juiz substituto, que é um cara (inaudível)", ressalta Joesley.

“Tá segurando os dois?”, pergunta Temer.

“Segurando os dois”, responde o empresário.

“Ótimo, ótimo”, diz o peemedebista.

"Eu consegui o delator dentro da força-tarefa, que está, também está me dando informação. E lá que eu estou. Dá conta de trocar o procurador que está atrás de mim. Se eu der conta, tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que dou uma esfriada até o outro chegar e tal. O lado ruim é que se vem um cara com raiva, com não sei o quê", comenta o empresário em seguida.

Aos 11min da conversa, os dois falam sobre o caso de Eduardo Cunha, e logo em seguida, falam sobre a questão das investigações. 

Ouça o áudio da conversa entre Temer e Joesley Batista:

Como informado anteriormente, Temer também escuta o empresário falar sobre pagamentos ilegais ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB) sem o repreender. No documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), no qual solicitou a abertura de inquérito para investigar Temer, o procurador Rodrigo Janot diz: “Joesley fala que segue pagando propina ‘todo mês, também’ a Eduardo Cunha, acerca da qual há a anuência do presidente da República”. 

"Eu queria falar assim, dentro do possível, eu fiz o máximo que deu ali, zerei tudo. O que tinha de alguma pendência daqui para ali [com Cunha], zerou toda. E ele [Cunha] foi firme em cima. Já tava lá, veio, cobrou, tal tal tal, pronto. Eu acelerei o passo e tirei da frente. O outro menino, companheiro dele que 'tá' aqui, que o [ex-ministro] Geddel [Vieira Lima] sempre 'tava' (...)", diz Joesley mais a frente. 

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