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Caravanas estão em Curitiba para acompanhar depoimento de Lula

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O depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcado para esta quarta-feira (10) na sede da Justiça Federal em Curitiba alterou a rotina na capital paranaense. Manifestantes favoráveis e contrários ao ex-presidente já estavam na cidade na terça-feira.

O grupo a favor de Lula está reunido em um grupo de 5 mil pessoas, de vários estados, no "acampamento pela democracia", na rodoferroviária. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, 20 ônibus com manifestantes já tinha chegado a Curitiba na terça, e mais 36 eram esperados.

A cidade preparou um esquema especial que teria como objetivo garantir a segurança de todos os que pretendem acompanhar o depoimento. Será a primeira vez que Lula ficará frente a frente com o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da operação na primeira instância.

Para João Pedro Stédile, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), o processo judicial tornou-se um processo político. "Nós, dos movimentos populares, somos frontalmente contra qualquer corrupção, conta toda corrupção. Achamos importantes as investigações da Lava Jato. O que condenamos na Lava Jato é essa promiscuidade […]. Essa clara perseguição ao Lula politizou isso”, disse o líder do MST.

O aposentado João Tomás de Lima saiu de Amparo, em São Paulo, para acompanhar o depoimento. Sindicalista, ele conta que desde 1964 participa de atos populares. “Não tenho medo da luta e acho que essa luta aqui é necessária. Porque é uma injustiça que estão fazendo conosco, o povo trabalhador, e com este país, que é tão grande, tão bonito e tão generoso. E estamos vendo as pessoas no poder destruindo tudo isso.”

Os manifestantes que se colocam contra o ex-presidente Lula estão reunidos do lado de fora do Museu Oscar Niemeyer, no Centro Cívico. Uma das organizadoras do ato, Narli Rezende, integrante do Movimento Curitiba contra a Corrupção, diz que objetivo do grupo é "fazer um contraponto com a situação do PT e do vermelho". "Curitiba, tradicionalmente, é uma cidade verde e amarelo. E, em sua grande maioria, Curitiba é a favor da Lava Jato. Então, não queremos passar uma imagem falsa de que Curitiba é vermelha, de que Lula é muito bem-vindo em Curitiba […] O que irrita a gente é a corrupção, independente do partido. Errou, tem que pagar. Robou, tem que devolver e ser preso”, afirmou Narli.

Para Camila Georg, que saiu do Rio Grande do Norte e foi ao museu, é preciso se mobilizar para que as mudanças aconteçam. “Eu vim porque acho que é um marco na história, como o impeachment do [presidente Fernando] Collor. Sentados em casa, nada vai acontecer. Tenho dois filhos e estou lutando pelo futuro deles. Já votei em Lula, por incrível que pareça, e hoje vejo que foi um erro. Eu quero uma coisa melhor para os meus filhos.”

Bloqueio

Um perímetro de 150 metros ao redor do prédio da Justiça Federal será bloqueado a partir do fim da noite desta terça-feira. Apenas moradores, imprensa credenciada e comerciantes do local poderão passar pela área bloqueada.

Uma das moradoras da região, Aracelis Solarewicz, disse que vive ali há cerca de 20 anos e nunca viu situação semelhante. "A gente tem que se adaptar, acho que não vai ter impacto nenhum. Por isso, vim antes para não ser pega desprevenida. Eu tenho outras alternativas de sair e não passar pelo bloqueio”, afirmou.

O ex-presidente Lula é acusado de ter recebido propina da empreiteira OAS por meio da reserva e da reforma de um apartamento triplex no Guaruja, litoral de São Paulo.