Matéria publicada nesta quarta-feira (22) pelo jornal norte-americano Business Insider conta que a polícia federal brasileira deflagrou na sexta-feira (17) a "Operação Carne Fraca", dirigida a Grupos de alimentos acusados de subornar funcionários do governo para afrouxar os regulamentos.
Com mais de 1.100 policiais desdobrados em 194 mandatos e 38 ordens de detenção, foi a "maior operação de busca e operação da agência", segundo a polícia. O diário acrescenta que 33 funcionários já foram demitidos.
Supostamente os subornos variaram de presuntos a doações de partidos políticos, inclusive para o partido do presidente Michel Temer, destaca o BI. Em alguns casos, os investigadores disseram que os inspetores permitiram que os funcionários usassem computadores do governo para emitir suas próprias licenças de exportação.
> > Brazil's latest corruption scandal appears to be rotting one of its major exports
Business Insider informa que entre as mais de 30 empresas envolvidas estão a JBS, maior exportadora mundial de carne bovina, e a BRF, maior exportadora de aves do mundo. Ambas acusadas de usar produtos químicos para maquiar carne de má qualidade.
Supostamente, aditivos como batata, água ou papelão foram adicionados à galinha em alguns casos para aumentar os lucros.
Parte da carne foi vendida internamente para refeições escolares ou venda a retalho, embora ninguém tenha sido relatado doente por causa disso. O escopo dessa operação parece ser mais do que compensado pelas conseqüências de sua execução, avalia o noticiário.
Insider aponta que Brasil é o segundo maior produtor mundial de frango e carne bovina, exportando para 150 países e destaca que a carne está entre as principais exportações do país. O Brasil estava dependendo em grande parte da agricultura para retira-lo de sua pior recessão em mais de 100 anos.
O chefe do grupo de produtores de carne ABPA disse na segunda-feira que o escândalo colocou a indústria brasileira de carne em uma situação grave. Ele "destruiu" a imagem da indústria de produtos de qualidade, supostamente conquistada, acrescentou.
"O escândalo da carne influenciando as exportações brasileiras do setor pode muito bem atrapalhar a recuperação econômica do país", escreveu Capital Economics em nota citada pelo Financial Times. As conseqüências finais, entretanto, dependem de como "os eventos se desenrolarão".
Se o escândalo se aprofundar e os compradores vetarem a carne brasileira, os preços globais de carne bovina poderão subir. Já alguns dos maiores clientes de carne do Brasil começaram a examinar ou suspender suas importações, avalia Business Insider.
A China proibiu temporariamente as importações de carne bovina, assim como Hong Kong e Japão. A China, juntamente com Hong Kong, respondeu por mais de um terço dos US $ 13,9 bilhões em exportações de carnes em 2016.
A Coréia do Sul, que obteve 80% de sua galinha do Brasil no ano passado, apertará as inspeções de carne de frango e proibirá a venda de carne de uma das empresas brasileiras envolvidas no escândalo, descreve Insider.
O presidente Michel Temer, que convocou uma reunião ministerial de emergência no domingo, disse aos embaixadores naquela noite que o escândalo era uma "grande preocupação", mas que a carne contaminada vinha de "apenas um pequeno número de empresas". Para sustentar suas garantias, Temer convidou os embaixadores para jantar em uma churrascaria de US $ 39, onde ele se sentou entre os embaixadores chinês e angolano.
A presidência também disse que apenas 21 das 4 mil fábricas do país estavam envolvidas e que apenas 33 dos 11 mil trabalhadores da indústria estavam sendo investigados, acrescenta.
Business Insider finaliza sua reportagem falando que a Operação Carne Fraca vem em meio ao escândalo cada vez maior da Operação Lava Jato, que liga as empresas Odebrecht e Petrobras a negociações com políticos e empresários do Brasil.