O flagrante e a
prisão da venezuelana, que foram acompanhados pelo CRM e Roraima, aconteceu
ontem (02/03) no momento em que a suposta médica iria iniciar um procedimento
invasivo numa casa no bairro Asa Branca, zona Oeste de Boa Vista.
Há suspeita de participação da dona da casa, uma enfermeira, e de médicos de
Boa Vista na divulgação e captação de clientes.
A presidente da CRM-RR, Dra Blenda Garcia, disse em entrevista que será apurado o possível envolvimento de médios brasileiros.
A denúncia sobre a atuação ilegal foi recebida pela SBCP por meio de mensagem de familiares de uma das pessoas que iria realizar um procedimento, que assustados solicitavam investigação sobre o caso, oferecendo a informação do local e data de realização do procedimento, dia 28/2 em uma clínica particular de Boa Vista.
A primeira tentativa de flagrante não teve êxito, há suspeita de que os envolvidos foram avisados. As investigações levaram a identificar o novo local de realização dos procedimentos.
“É inadmissível que alguém nos dias de hoje ainda procure realizar procedimentos com pessoas sobre as quais não tem como verificar a capacitação profissional, em locais não adequados e arriscando a própria vida.” comenta o Dr Luciano Chaves, presidente da SBCP.
As consequências em realizar uma cirurgia plástica com um não especialista são podem variar entre sequelas, muitas vezes irreversíveis, paralisação de um membro, necrose de tecidos ou até levar o paciente à morte. Além de ser formado em medicina, o cirurgião plástico precisa cursar dois anos de cirurgia geral e três anos de especialização em cirurgia plástica, perfazendo um total de 11 anos de estudo. Por isso, somente um médico especializado está habilitado para realizar qualquer procedimento cirúrgico com a segurança necessária ao paciente.
Além disso, as condições do local podem agravar os quadros, por falta de anestesista, assepsia, equipamentos e profissionais para emergências, dentre outros.
No site da SBCP é possível localizar todos os especialistas em cirurgia plástica do país. Basta acessar www.cirurgiaplastica.org.br ou baixar gratuitamente o aplicativo na Google Play ou Apple Store. “O objetivo maior da Sociedade é levar para a população informação, esclarecimento”, conclui Luciano.
Histórico de horrores:
Denúncias da SBCP começaram no início do ano de 2016, após tomar conhecimento de que brasileiras residentes no norte do Brasil estavam sendo aliciadas para realizarem cirurgias plásticas na Venezuela. Desde então, iniciou-se uma série de ações para coibir a prática e preservar ao máximo a vida dessas mulheres que, em busca de um sonho, muitas vezes encontram seus piores pesadelos. Na época, o coordenador jurídico da SBCP, Carlos Michaelis Júnior, se reuniu com a diretoria da SBCP regional Amazonas (SBCP-AM), com a superintendência da Polícia Federal, Ministério Público Federal (MPF), Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) e Conselho Regional de Medicina (CRM-AM) e solicitou a abertura de inquéritos.
Em outubro foi preso em flagrante, 15, em Manaus (AM), o médico venezuelano José Gregório Alvarez Sabino, de Porto Ordaz, por exercício ilegal da profissão no Brasil. A Polícia Civil flagrou Sabino, que é urologista, realizando consultas em um hotel na capital amazonense, com o intuito de aliciar brasileiras para fazerem procedimentos estéticos na Venezuela.