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'Financial Times': Temer sinaliza forte interesse pela China

Presidente brasileiro conccedeu entrevista ao jornal britânico

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O Brasil vai avançar com um programa de reformas econômicas que deve levantar seu mercado de ações e moedas, fazendo com que o Brasil volte a ter um dos melhores desempenhos dos mercados emergentes, disse o presidente Michel Temer.

Em uma entrevista ao Financial Times, ele também alertou sobre os perigos de uma guerra comercial entre Washington e México e indicou que havia um feroz interesse na China, e pretende consolidar seu lugar como maior parceiro comercial da região à frente dos EUA.

Financial Times analisa que desde que o governo centrista e pró-empresários de Temer chegou ao poder após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, aprovou uma lei histórica que limita os aumentos futuros das despesas orçamentárias; Iniciou uma difícil reforma das pensões; e agora está planejando aprovar três reformas nas leis educacionais, trabalhistas e tributárias antes das próximas eleições em 2018.

> > Financial Times Temer stays tough on Brazil economic reforms

"Penso que o programa [da reforma] atingirá seus objetivos. O limite de gastos foi aprovado em quase tempo recorde. Aprovamos o que foi uma reforma extremamente difícil em quatro meses e meio ", disse Temer.

A maior economia da América Latina sofreu seu segundo ano de profunda recessão em 2016, diminuindo a taxa de crescimento em mais de 3%, mas sua moeda se fortaleceu mais de 20 por cento nos últimos 12 meses contra o dólar e o mercado de ações subiu 37 por cento em termos de moeda local em resposta às reformas, acrescenta o Times.

Temer disse que o governo estava tomando medidas de estímulo, incluindo a injeção de até R$ 30 bilhões (US$ 9,6 bilhões) de um fundo central de garantia de emprego para a economia e se esforçando para baixar as taxas do cartão de crédito do país.

"Estamos saindo da recessão", disse Temer.

A reforma do generoso sistema de segurança social do país, que levará a idade de aposentadoria da média atual de cerca de 54 anos para 65 anos, deve ser aprovada em lei já no segundo trimestre de 2017, disse Temer.

"O governo também pretende aprovar uma lei este ano para enfrentar o rígido código trabalhista do Brasil, que os empregadores argumentam que contrata a contratação, e o sistema de educação escolar moribundo do país, que produziu resultados perto do nível inferior do ranking global. Uma vez que essas reformas forem aprovadas, o governo tentaria simplificar o complicado código tributário do país, muitas vezes citado como uma das principais razões para a falta de competitividade do Brasil", disse ele.

Times destaca que apesar das reformas, seu governo continua sendo um dos mais impopulares na história recente do Brasil, com apenas 15 por cento de aprovação em recente pesquisa.

Isso porque seu governo está adotando duras medidas de austeridade que deixariam um legado positivo a longo prazo, sem se envolver no "populismo fiscal" de governos anteriores que deixaram o Brasil com um déficit de 10 por cento, disse Temer, que prometeu não se candidatar em 2018.

"Eu prefiro ao invés de ser aplaudido agora [por gastos populistas insustentáveis] ser aplaudido mais tarde, esse é o meu objetivo", disse ele.

Mas outra das razões para a baixa popularidade de seu governo é uma investigação sobre a corrupção na Petrobras, que envolveu muitos membros de seu governo e seu partido, incluindo ele próprio, ressalta o Financial Times.

A Suprema Corte detém os testemunhos de 77 executivos da construtora Odebrecht, que inclui uma alegação de Michel Temer solicitou doações ilegais para seu partido PMDB quando era presidente do partido, afirma o diário.

Sobre as políticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Temer disse que uma guerra comercial entre os Estados Unidos e o México poderia prejudicar o comércio regional como um todo e "não seria útil nem para os EUA, nem para os países da América latina".

Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil e um importante mercado para os produtos manufaturados brasileiros, como aeronaves civis, fala o texto do Financial Times.