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Homologação da Odebrecht atinge núcleo duro do governo Temer

Depoimento de ex-executivo cita propina de R$ 10 milhões para presidente

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Desde que vazou um dos depoimentos do conjunto das 77 delações premiadas da Odebrecht, em dezembro do ano passado, o presidente Michel Temer contou com a tentativa e a ajuda de aliados, como foi o caso do ministro Gilmar Mendes, do Superior Tribunal Federal (STF), para evitar um problema maior. Na ocasião, o magistrado mostrou-se bastante irritado e disse que seria "possível" cancelar a homologação, tendo como justificativa o vazamento do conteúdo para a imprensa.

No dia 9 de dezembro, vinha à tona a íntegra do ex-diretor de Relações Institucionais da empresa Claudio Melo Filho, que trabalhou na Odebrecht por 12 anos, e disse, em sua delação, que o presidente Michel Temer pediu R$ 10 milhões. O valor, ainda de acordo com o documento que estava sob o poder do ministro Teori Zavascki, então relator da Lava Jato no Supremo, o valor pedido por Temer foi pago em espécie ao braço direito de Temer, o hoje ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Veja na íntegra a delação

Temer, que já viu alguns de seus ministros caírem por conta de inúmeros escândalos em menos de nove meses de governo, deve enfrentar novos problemas a partir de agora, com a homologação, nesta segunda-feira (30), das delações da Odebrecht pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia. Interlocutores do Palácio do Planalto afirmam que, além de Temer, a maior preocupação é com Padilha, apontado pelo delator como o "verdadeiro preposto de Michel Temer" e quem "concentra as arrecadações financeiras desse núcleo político do PMDB para posteriores repasses internos".

Em 82 páginas, Cláudio Melo Filho conta como a maior empreiteira do país comprou, com propinas milionárias, integrantes da cúpula dos poderes Executivo e Legislativo. Além de atingir Padilha e Temer, que pediu o dinheiro a Marcelo Odebrecht em 2014, segundo o depoimento, a delação cita também José Yunes, amigo de Temer há 50 anos e assessor especial do presidente da República. Yunes pediu demissão dias depois do vazamento da delação.

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