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Protesto reúne dez mil manifestantes contra PEC do teto dos gastos, em Brasília

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Cerca de 10 mil manifestantes participaram, nesta terça-feira (29), em Brasília, de um protesto em frente ao Congresso contra a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 55) do teto de gastos. Policiais entraram em confronto com os manifestantes, atirando bombas de efeito moral. Os ânimos se acirraram. Houve depredações e carros foram incendiados.

A maioria do público foi formada por estudantes ligados à UNE e a movimentos que ocuparam universidades e escolas públicas recentemente, mas também havia indígenas e sindicalistas, entre outros grupos.

Além da PEC 55/16, apelidada por eles como “PEC da Morte”, os manifestantes entoavam palavras de ordem contra o governo Temer e a medida provisória que reforma o ensino médio (MP 746/16) e a favor das demarcações de terras indígenas.

>> Temer repudia violência e vandalismo em manifestação contra a PEC do Teto

Confronto com a polícia

Alguns participantes do protesto chegaram a gritar “Ocupa o Congresso”, razão pela qual o policiamento ao redor do prédio foi reforçado. Manifestantes chegaram a virar um carro estacionado na rampa próxima ao gramado. A Polícia Militar, por sua vez, reprimiu o ato com gás de pimenta e bombas de efeito moral.

Após a Polícia Militar dispersar o protesto de estudantes que ocupavam o gramado em frente ao Congresso Nacional, os manifestante seguiram pela Esplanada dos Ministérios em direção ao Museu Nacional. Durante o percurso, a polícia seguiu "empurrando" os manifestante em direção à Rodoviária de Brasília em uma tentativa de dispersar o grupo. Bombas de gás lacrimogênio foram novamente disparadas.

Grupos de manifestantes atearam fogo em banheiros químicos e se reagruparam nos arredores da Biblioteca Nacional e do Museu da República, próximo da rodoviária, onde fizeram nova barricada. Muitos buscaram se proteger nos ônibus que trouxeram as comitivas que participam dos protestos, enquanto outros se dispersaram em direção à Estação Rodoviária.

A Polícia Militar reforçou o contingente com integrantes do Batalhão de Choque e um helicóptero da corporação sobrevoava o local.

MEC

Durante a manifestação, o Ministério da Educação (MEC) foi invadido e depredado por um grupo de 50 a 100 pessoas, algumas encapuzadas, segundo relatos da assessoria de imprensa do órgão.

Os manifestantes tocaram fogo em pneus, no lixo, quebraram as entradas do ministério e caixas eletrônicos. De acordo com a assessoria, o grupo usou barras de ferro e pedras e alguns tinham coquetel molotov. Eles subiram até o segundo andar do prédio. A Polícia Militar evacuou o edifício e alguns manifestantes foram presos.

Em nota, o ministro da Educação, Mendonça Filho, condenou "de forma veemente os fatos ocorridos hoje na Esplanada dos Ministérios, particularmente no MEC".

"Os servidores do ministério viveram um clima de terror. Isso é inaceitável. Como democrata que sou, entendo o direito de protesto, mas de forma civilizada, respeitando o direito de ir e ir. O que vimos hoje foram atos de violência e vandalismo contra os servidores públicos e contra o patrimônio", disse.

Em nota, a UNE repudiou os atos de violência da polícia:

UNE REPUDIA VIOLÊNCIA POLICIAL EM BRASÍLIA

A União Nacional dos Estudantes afirma que a manifestação organizada pelos movimentos estudantis e sociais neste dia 29 de novembro em Brasília foi um ato pacifico, democrático e livre contra a PEC 55. Não incentivamos qualquer tipo de depredação do patrimônio público. O que nos assusta e nos deixa perplexos é a polícia militar do governador Rolemberg jogar bombas de efeito moral, gás de pimenta, cavalaria e balas de borracha contra a estudantes, alguns menores de idade, que protestam pacificamente. Esse é o reflexo de um governo autoritário, ilegítimo e que não tem um mínimo de senso de diálogo.

União Nacional dos Estudantes 

29 de novembro de 2016