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Geddel decide sair do cargo em meio à crise política no governo Temer

Geddel é o sexto ministro a deixar o governo desde que Temer assumiu o comando

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O ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima decidiu pedir demissão em meio a crise política no governo de Michel Temer, com possibilidade de abertura de inquérito também contra o presidente e contra o ministro Eliseu Padilha. O ministro encaminhou carta de demissão, após polêmica envolvendo edifício em área tombada pelo Iphan em Salvador. 

Já se especulava sobre a pressão que Geddel estava sofrendo para pedir demissão. O ministro tinha declarado ao blog do jornalista Jorge Bastos Moreno, do O Globo, que não tinha "motivo nenhum para pedir demissão".  

Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, Temer aceitou o pedido de Geddel, mas um novo nome para o cargo ainda deve levar alguns dias para ser anunciado.

Na carta enviada a Temer por e-mail, Geddel fala sobre o sofrimento de sua família, que este seria o "limite da dor" que poderia suportar, e pede exoneração. 

Geddel é o sexto ministro a deixar o governo desde que Michel Temer assumiu o comando do país, em maio. Antes dele, caíram Romero Jucá, do Planejamento, Fabiano Silveira, da Transparência, Fábio Medina Osório, da AGU, Henrique Eduardo Alves, do Turismo, e Marcelo Calero, da Cultura.

Marcelo Calero pediu demissão na última sexta-feira (18), alegando motivos pessoais. Depois, em entrevista à Folha de S.Paulo, afirmou que tinha sido pressionado pelo ministro Geddel Vieira Lima para intervir junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a fim de liberar a construção de um edifício de alto padrão em Salvador.

O empreendimento não foi autorizado pelo Iphan e por outros órgãos por ferir o gabarito da região, que fica em área tombada. Também em entrevista à Folha, Geddel admitiu ter conversado com Calero sobre a obra, mas negou tê-lo pressionado e disse estar preocupado com a criação e a manutenção de empregos.

Confira a íntegra da carta de demissão:

Salvador, 25 de novembro de 2016

Meu fraterno amigo Presidente Michel Temer,

Avolumaram-se as críticas sobre mim. Em Salvador, vejo o sofrimento dos meus familiares. Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto. É hora de sair.

Diante da dimensão das interpretações dadas, peço desculpas aos que estão sendo por elas alcançados, mas o Brasil é maior do que tudo isso.

Fiz minha mais profunda reflexão e fruto dela apresento aqui este meu pedido de exoneração do honroso cargo que com dedicação venho exercendo.

Retornado a Bahia, sigo como ardoroso torcedor do nosso governo, capitaneado por um Presidente sério, ético e afável no trato com todos, rogando que, sob seus contínuos esforços, tenhamos a cada dia um país melhor.

Aos Congressistas, o meu sincero agradecimento pelo apoio e colaboração que deram na aprovação de importantes medidas para o Brasil.

Um forte abraço, meu querido amigo.

GEDDEL VIEIRA LIMA

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