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Geddel admite que tratou de projeto com Calero, mas nega que tenha havido pressão

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O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, reconheceu neste sábado (19) que falou com o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero sobre um projeto imobiliário na Bahia, contudo ele negou que o tenha o pressionado a produzir um parecer técnico para liberar o empreendimento. Geddel confirmou que, no ano passado, fez uma promessa de compra e venda de uma unidade no condomínio e afirma que, justamente por ter conhecimento do impasse imobiliário, tinha legitimidade para levar a questão ao então ministro da Cultura. As informações são da Folha de S. Paulo.

Calero pediu demissão do cargo de ministro da Cultura e revelou que foi pressionado por Geddel para que providenciasse junto ao Iphan a liberação de um empreendimento na Bahia.

>> Calero acusa Geddel de pressioná-lo para liberar obra

"Eu fiz a ele uma ponderação, trazendo uma informação que esse era um empreendimento que já havia sido licenciado e que era um assunto que, em função de disputas empresariais e locais, estava na Justiça", disse Geddel, acrescentando que já havia falado com o presidente Michel Temer na manhã deste sábado e que ele o orientou a esclarecer a questão. "Ele manifestou seu respeito, carinho e apoio à nossa posição", disse.

Geddel afirmou que lamentava "profundamente" a manifestação de Calero, com quem, segundo ele, sempre teve uma relação tranquila e serena. "E nunca tive com ele nenhum desentendimento, nenhum bate-boca e nenhum mal-estar. Eu repilo energicamente a palavra pressão ou algo que pudesse ser tomado como uma posição ilegítima", disse.

Geddel acrescentou que tratou com ele do tema, "com a transparência que o tema exigia", fazendo ponderações de um assunto que está judicializado. "Em nenhum momento houve pressão. E a maior demonstração disso, e que torna a questão dele ainda mais incompreensível, é que a posição final que prevaleceu foi a dele. E, ainda, assim ele pede demissão? É uma contradição brutal que não explica posição dele?", questiona.

Geddel destaca que apenas fez uma ponderação, "trazendo uma informação que esse era um empreendimento que já havia sido licenciado em 2014 por órgãos municipais e estadual e pelo próprio Iphan, órgão federal. E que era um assunto que, em função de disputas empresariais e locais, estava na Justiça. Então, que ele acompanhasse, talvez não coubesse uma nova manifestação do Iphan até a Justiça se manifestar para que isso não significasse insegurança jurídica e o embargo do empreendimento, e, portanto, desemprego."

"E que não prejudicasse aqueles que investiram seus recursos no imóvel. Foi essa ponderação que fiz. E tanto foi essa que a posição que o fim e ao cabo prevaleceu foi a dele, eles embargaram o empreendimento. Eu nunca tratei desse tema com a anterior ou com a atual presidente da Iphan e não tive o privilégio de conhecer nenhuma das duas. Foi um assunto com um colega ministro e me estranha sobremaneira a posição de Marcelo Calero."

Geddel prosseguiu: "Afinal de contas, qual é a irregularidade? Não entendi até agora. Ele está se queixando do quê? De um assunto ser tratado internamente, um assunto com clareza e com transparência, que foi falado por telefonema. Porque, diferentemente da preocupação que ele manifestou, eu trato os assuntos pelo telefone, esteja ou não grampeado posso falar publicamente, não tem nenhum problema."

Geddel contou que em 2015, fez uma promessa de compra e venda de uma unidade que estava lançada, "sem nenhum problema, com todas as licenças colocadas e que vários outros adquiriram uma unidade de apartamento". Ele prossegue: "O que não me tira, me dá legitimidade para levar a ele um problema por conhecer o que estava ocorrendo, estar preocupado, como todo cidadão fica preocupado em uma situação dessa."

>> Veja a reportagem na íntegra