O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes criticou, nesta quinta-feira (27), a atuação da Polícia Federal no Senado, durante a Operação Métis, que prendeu quatro policiais legislativos na última sexta-feira (21). Eles foram acusados obstruir as investigações da Operação Lava Jato. "É, de fato, um caso politicamente delicado, porque não é um caso de escola. Colocar polícia no Congresso não é o melhor método de lidar com isso. A não ser que seja imprescindível, nós devemos evitar", disse, após participar do XIX Congresso Internacional de Direito Constitucional, em Brasília.
"A questão de fundo é uma questão realmente delicada: a presença de polícia no Congresso Nacional, a busca e apreensão realizada em sede do Congresso, isso precisa ser examinado com cautela", completou.
Gilmar Mendes afirmou ainda que o Senado "atuou bem" quando decidiu judicializar a questão. "É a forma mais adequada de discutir com o juiz é no processo, é fazer recurso. Então me parece que a partir daí o próprio STF deve se pronunciar e dar uma diretriz."
O ministro destacou ainda que o país vive um ambiente de "muita tensão". "Você percebe isso, em função de todos esses desdobramentos. Acho que as pessoas que, em geral, têm um temperamento muito afável acabam por às vezes usar palavras mais duras e nós temos de minimizar, não incrementar essa crise."
Teori Zavascki suspende operação que prendeu agentes da Polícia Legislativa
O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira (27) a suspensão da Operação Métis, que prendeu agentes da Polícia Legislativa por suposta tentativa de obstrução de investigações sobre parlamentares na Operação Lava Jato. O relator da Lava Jato no STF ordenou, também, o envio de todo o processo relativo à operação da Justiça Federal do Distrito Federal para a Suprema Corte.
A decisão de Teori é liminar (provisória) atende a um recurso do presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que criticou a operação, argumentando que caberia apenas ao STF autorizar a entrada de agentes da PF no Senado, e não a um "juizeco de primeira instância", nas palavras do próprio peemedebista, fazendo referência à decisão do juiz Vallisney Souza Oliveira, da Justiça Federal de Brasília.
Deflagrada na última sexta-feira (21), a Operação Métis gerou uma crise entre os Três Poderes a partir das declarações de Renan. Na ocasião, o presidente do Senado criticou a falta de ação do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, sobre a Polícia Federal, classificando o ministro de Michel Temer como "no máximo, um chefete de polícia". Na sequência, Renan fez críticas ao juiz que autorizou a entrada da PF no Senado e recebeu uma dura resposta da presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, que se disse atingida toda vez que um juiz é ofendido no exercício de sua função.
>> PF prende agentes da Polícia Legislativa acusados de atrapalhar Lava Jato
>> Renan chama ministro da Justiça de "chefete de polícia" e juiz de "juizeco"
>> "Todas as vezes em que um juiz é agredido, eu sou agredida", diz Cármen Lúcia
>> Operação Métis: diretor da Polícia do Senado deixa a prisão
>> Cármen Lúcia recusa convite de Temer para reunião com Renan Calheiros
>> Renan pedirá ao STF devolução de documentos e equipamentos apreendidos pela PF