ASSINE
search button

Lava Jato prende ex-ministro Guido Mantega em 34ª fase 

Compartilhar

A Polícia Federal prendeu temporariamente o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na manhã desta quinta-feira (22) no âmbito da Operação Arquivo X. Mantega estava no hospital com a esposa, que passaria por uma cirurgia, mas foi retirado do local e às 9h30 já estava na sede da PF em São Paulo. São cumpridos 48 mandados em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal -- entre eles oito mandados de prisão temporária e oito de condução coercitiva.

Também foram presos Luis Eduardo Neto Pachard, Rubem Maciel da Costa Val, Danilo Souza Baptista, Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, Luiz Claudio Machado Ribeiro e Francisco Corrales Kindelan, todos ligados a empresas. Uma sétima pessoa ainda não foi presa porque está em viagem à Espanha.

Esta fase da Lava Jato estaria investigando fatos relacionados à contratação pela Petrobras de empresas para a construção de duas plataformas (P-67 e P-70) para a exploração de petróleo na camada pré-sal.

Em depoimento ao Ministério Público, o empresário Eike Batista, ex-presidente do Conselho de Administração da OSX, disse que, em novembro de 2012, Guido Mantega, então presidente do Conselho de Administração da Petrobras, teria pedido R$ 5 milhões para o Partido dos Trabalhadores (PT).

>> Lula: "Fiquem tranquilos, história vai julgar cada um de nós"

Para operacionalizar tal repasse, Eike Batista teria firmado um contrato falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Lava Jato pela disponibilização de serviços para lavagem de dinheiro. Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em abril de 2013 teria sido constadada a transferência de US$ 2,350 milhões, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários.

As consorciadas, que não tinham tradição no mercado específico de construção e integração de plataformas, viabilizaram a contratação mediante o repasse de valores a pessoas ligadas a agentes públicos e políticos.

As investigações revelaram que há indícios de que cerca de R$ 7 milhões foram transferidos, entre fevereiro e dezembro de 2013, pela Mendes Júnior para um operador financeiro já condenado no âmbito da Operação Lava Jato. Ele teria ligações com um partido político e com a Diretoria Internacional da Petrobras. Os repasses foram viabilizados por empresa de fachada que, de acordo com a Procuradoria do Paraná, não tinha uma estrutura minimamente compatível com os valores recebidos.

As investigações também identificaram repasse de mais de R$ 6 milhões pelo Consórcio Integra Ofsshore com base em contrato ideologicamente falso firmado em 2013 com a Tecna/Isolux. As provas testemunhal e documental, que instruíram a representação do Ministério Público Federal (MPF), revelam que o valor foi transferido no interesse do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e de pessoas a ele relacionadas.

Constatou-se ainda que, no período dos fatos, empresas do grupo Tecna/Isolux repassaram cerca de R$ 10 milhões à Credencial Construtora, já utilizada por Dirceu para o recebimento de vantagens indevidas. Entre março de 2013 e junho de 2014 foram identificados repasses de mais de R$ 6 milhões da Mendes Júnior a empresas ligadas a um executivo do grupo Tecna/Isolux.

"Utilizando-se de expedientes já revelados no bojo da Operação Lava Jato, fraude do processo licitatório, corrupção de agentes públicos e repasses de recursos a agentes e partidos políticos responsáveis pelas indicações de cargos importantes da estatal, empresas se associaram na forma de consórcio para obter os contratos de construção das duas plataformas muito embora não possuíssem experiência, estrutura ou preparo para tanto", diz nota da PF.

O nome  Arquivo X, como a operação foi batizada pela força-tarefa, seria uma referência a um dos grupos empresarias investigados, que teria como marca a colocação e repetição do “X” nos nomes de pessoas jurídicas integrantes do conglomerado empresarial.

* Com Agência Brasil