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'The Intercept': A cassação de Cunha e o apartidarismo de fachada do MBL

Reportagem critica Movimento Brasil Livre 

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Um longo texto publicado nesta segunda-feira (19) pelo jornalista João Filho no site The Intercept critica a relação entre o Movimento Brasil Livre e os recentes acontecimentos na política nacional, como a organização de grandes protestos a favor do impeachment de Dilma Rousseff, sua associação com Eduardo Cunha, e a atual mudança de discurso. Antes, o MBL se dizia apartidário, enquanto agora está lançando candidatos em diversos partidos da direita brasileira.

Segundo a reportagem de Intercept, o líder do MBL, Kim Kataguiri, disse que nunca teve ligação com o ex-deputado Eduardo Cunha. Reclamou da insistência na divulgação da já clássica foto em que aparece sorridente ao lado dele, levantando o dedinho. Kim fiz que a imagem registrou apenas uma relação institucional. Cunha era o presidente da Câmara, e só ele poderia aceitar o pedido de impeachment. Ele tem razão, a foto não prova nada. O que prova a ligação do MBL com Cunha e seu grupo político são outros fatos muito mais comprometedores.

O Intercept lembra que em julho do ano passado, o MBL acampou na casa de Eduardo Cunha, mas não foi para protestar contra suas contas na Suíça, mas para pedir o impeachment de Dilma e tirar selfies com o nobre deputado.

Áudio vazado

Em fevereiro deste ano, conta o texto do site do renomado Glenn Greenwald, um áudio vazado de Renan Calheiros, um dos comandantes do MBL, dizia “o MBL acabou de fechar com PMDB, PSDB, DEM uma articulação para eles ajudarem…ah, e também com a Força Sindical do Paulinho…pra divulgar o dia 13 (manifestação) usando as máquinas deles também. Enfim, usar uma força que a gente nunca teve. E foi o MBL que montou isso. A gente costurou agora com todos eles.”

De acordo com a publicação o MBL estava ligado a PMDB, PSDB, DEM e a Paulinho da Força, do Solidariedade. Haja apartidarismo! Paulinho da Força era nada mais, nada menos que o principal aliado de Cunha na Câmara, um dos poucos fiéis que restaram. O sindicalista preferido dos patrões é o autor da célebre frase 'Cunha é a pessoa mais correta que eu já encontrei na vida'.”

Outras alianças

The Intercept analisa que as coisas não pararam por aí. Os "apartidários" fizeram diversos outros conchavos na política. Kim foi até a Bahia e fechou aliança com José Carlos Aleluia do DEM, famoso pelo envolvimento nos escândalos das Ambulâncias e dos Anões do Orçamento. A amizade é tão grande que eles já até se encontraram em Nova Iorque pra protestar juntinhos contra Dilma. Outro líder do grupo, Fernando Holiday, entrou para o DEM – partido partido que lidera o ranking da corrupção – apadrinhado por Pauderney Avelino que, segundo Sérgio Machado, é o 'homem mais corrupto que existe'. Não sei se é possível ser mais corrupto que Cunha, mas ele chegou a ser condenado a devolver R$ 4,6 milhões de reais aos cofres públicos por desvios da Educação quando era secretário em Manaus. Foi Pauderney também que forneceu de forma irregular crachás para os líderes do MBL circularem pela Câmara nas vésperas da votação do impeachment – com autorização de Eduardo Cunha, claro.

The Interecpt fala que o MBL escolhe bem os amigos e já se adequou perfeitamente aos modos da política brasileira que finge combater. Diferente do que pregam, usufruíram das 'máquinas' dos partidos para alavancar seus interesses. E questiona: É essa juventude que vai renovar a política?

Para concluir, o jornalista afirma que o grupo parece seguir com afinco a mais tradicional característica da política brasileira: a dissimulação, o peemedebismo. Se dizem apartidários, mas são financiados por partidos e irão lançar e apoiar vários candidatos nas próximas eleições. A verdadeira intenção do grupo não é renovar ou moralizar a política, mas contribuir para a implantação de uma agenda neoliberal no país. Nem que pra isso seja preciso se aliar a políticos corruptos que estejam alinhados à sua ideologia.

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