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'Le Monde': Dilma diz que "oligarquia brasileira é protagonista de sua remoção"

Em entrevista ao jornal francês ex-presidente denuncia 'guerra suja e hipócrita'

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O jornal francês Le Monde publicou em sua edição impressa desta terça-feira (6) uma entrevista com a ex-presidente do Brasil Dilma Roussseff, realizada cinco dias após sua demissão. Ela ainda recebeu a equipe do Le Monde em sua residência presidencial, em Brasília, na véspera de sua mudança para Porto Alegre, onde encontrará sua família.

Ao jornal francês a ex-guerrilheiro continua exaltando sua inocência. O impeachment de Dilma ocorreu em um clima de profunda crise e escândalos de corrupção que respingaram em vários partidos políticos, incluindo o Partido dos Trabalhadores. 

Em entrevista ao Monde, Dilma Rousseff descreve o impeachment como "uma guerra política, suja e hipócrita". A ex-presidente acrescenta que "Os protagonistas do impeachment são a oligarquia brasileira".

> > Dilma Rousseff : « Les protagonistes de cette destitution sont l’oligarchie brésilienne »En savoir plus sur 

P. Qual é a sua opinião sobre o julgamento do Senado?

R. Os argumentos que levaram à minha demissão são apenas pretextos. Ter sido deposta sem perder meus direitos políticos demonstra que não há lógica nem base jurídica neste processo. Para justificar o meu impeachment, precisaram mencionar outras razões e julgar como "um conjunto de ações". Isso não é permitido na Constituição Brasileira. Esta não é a opinião dos oitenta e um senadores que me julgaram, mas sim de toda a população que me elegeu através de eleições diretas.

Na verdade, eu acho que houve outra motivação por trás disso, que é a de interromper a investigação da operação "Lava Jato", relacionadas com a corrupção, a lavagem dinheiro, e a existência de caixa dois [para o financiamento dos partidos e das campanhas eleitorais]. Além disso, existe também o desejo da oposição em implantar uma agenda neoliberal.

Nada disso justifica que os golpistas destituam um governo para impedir a hemorragia política ligada às investigações", afirma Dilma. "O outro interesse é de implantar uma agenda neoliberal, que não fazia parte do nosso programa. Esse processo de impeachment é uma fraude, uma ruptura democrática que cria um clima de insegurança no seio das instituições políticas e afeta toda a América Latina"

P. Quem são os protagonistas do impeachment?

R.O grupo dos mais ricos, os meios de comunicação comandados por um clã de 100 pessoas, e dois partidos, o PSDB e o PMDB e, em particular, Eduardo Cunha.