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'FT': artigo sobre corrupção no Brasil vai de Visconde de Mauá a Marcelo Odebrecht

Jornal britânico ironiza políticos e empresários, intitulados "brazilionários"

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Matéria publicada nesta segunda-feira (18) no Financial Times, inicia lembrando um vídeo postado no YouTube por um grupo de comediantes chamado Porta dos Fundos ha três anos atrás, onde Dilma Rousseff reunia parlamentares em seu gabinete para uma reunião de emergência e anunciava: "Nós vamos ter que roubar menos". "Isso não é justo", protestou um ministro. 

O jornal britânico destaca que alguns dias antes, dois milhões de brasileiros protestaram nas ruas em protesto contra as quantias monumentais gastas na Copa do Mundo e estádios olímpicos ao invés de serviços públicos.

> > > Financial Times ‘Brazillionaires: The Godfathers of Modern Brazil’, Alex Cuadros

O artigo do Financial Times comenta que o Brasil vivia uma época fantástica ha dez anos atrás. O país era citado por sua capacidade de recuperação, com uma economia vibrante, e milhões de brasileiros sendo retirados da miséria, com diminuição de desigualdades e uma política estável. Agora, em 2016, vivem sua pior recessão. Dilma enfrenta um processo de impeachment por supostamente mascarar as contas públicas. Enquanto isso, a Lava Jato, investigação de esquema de propina de valores que ultrapassam US $ 3 bilhões envolvendo a Petrobras, continua levando para a prisão políticos e vários empresários de alto escalão. 

O texto do Financial Times fala que as propinas e patrocínios ilegais do estado fazem parte da história dos negócios do Brasil desde o século 19, quando o Visconde de Mauá - a "Rothschild da América do Sul" - acumulou uma fortuna de US $ 60 milhões em serviços bancários e infra-estrutura. 

Tais ilusões persistem até hoje, acrescenta o jornal britânico Financial Times. Elas podem ser vistas nas empresas de construção como a Odebrecht, de Marcelo Odebrecht, que foi preso por corrupção. 

A mesma história, conta o Financial Times, pode ser vista pelo produtor de soja premiado com o Greenpeace, enquanto era governador do estado Mato Grosso. Ao ser perguntado se via qualquer conflito entre ser um formulador de políticas e um magnata do agronegócio, ele respondeu confiante: "Absolutamente não".

A corrupção inerente do Brasil ainda pode ser visto na figura de Jorge Paulo Lemann, chefe da 3G Capital, homem mais rico do Brasil. O Sr. Lemann é conhecido por sua ética de trabalho puritano e um rígido controle de custos ( "Custos são como unhas, pois eles sempre tem que ser cortados"). Mas suas empresas também têm desfrutado de bilhões de dólares em empréstimos baratos do BNDES, o banco de desenvolvimento do Estado.

Tais esquemas de conveniência não são exclusivos do Brasil. Afinal, o americano, Charles Erwin Wilson já dizia: "O que era bom para o nosso país era bom para a General Motors e vice-versa" A promessa de Lava Jato, porém, pode acabar com elas, diz o Financial Times.

Algumas das gravações secretas que vazaram da investigação da lava-jato são tão cínicas como a sátira Porta dos Fundos. A Lava Jato pode até derrubar o governo interino que substituiu Dilma Rousseff. Nenhum outro país do Brics tem instituições judiciais com este grau de independência.

O Financial Times encerra a sátira com a frase do cantor e compositor mundialmente conhecido e já falecido Tom Jobim: "O Brasil não é para principiantes".