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Fernando Cavendish é preso pela PF ao desembarcar no Rio

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A Polícia Federal (PF) prendeu na madrugada de hoje (2) o empresário Fernando Cavendish, ex-dono da empreiteira Delta Construção, assim que ele desembarcou no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio. Cavendish estava na Europa e teve a prisão decretada na quinta-feira (30), no âmbito da Operação Saqueador, quando foram presas quatro pessoas acusadas de participar de esquema de corrupção e lavagem de dinheiro por meio de obras públicas, envolvendo a construtora.

Ontem (1º), o desembargador Antonio Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, concedeu prisão domiciliar para Cavendish e mais cinco presos na operação. A decisão do magistrado foi tomada em segunda instância e reverteu a prisão preventiva, determinada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

Cachoeira e Cavendish vão para prisão domiciliar

Athié acolheu pedido de habeas corpus da defesa de Cavendish. “A decisão do magistrado reverte a prisão preventiva em prisão domiciliar até que seja comprovada ocupação regular. A defesa reitera ainda que, consciente da legalidade dos seus atos, Fernando Cavendish sempre atendeu às solicitações da autoridade policial e assim continuará a fazer no âmbito do inquérito policial", destacou a defesa de Cavendish.

Nas ações do dia 30, o empresário não foi encontrado em casa, no Leblon, zona sul do Rio. Ele deixou o país no último dia 22 com destino à Europa.

Empresas fantasmas e obras inexistentes

Entre 2007 e 2012, 96% do faturamento da Delta veio de verba pública -- R$ 11 bilhões. De acordo com o Ministério Público, desse valor, R$ 370 milhões foram "lavados" pelos operadores do esquema com contratos com 18 empresas de fachada. O dinheiro era usado para pagar propina a agentes públicos, a maior parte em anos de eleição.

As empresas não existiam, assim como os serviços e os funcionários. A receita também era incompatível com a despesa. Foram feitos repasses, por exemplo, de R$ 80 milhões para uma obra inexistente chamada Transposição do Rio Turvo, no Rio.

As empresas dos empresários Adir Assad e Marcelo Abbud - também alvos de pedidos de prisão - emitiam notas frias não só para a Delta, mas para muitas outras empresas. De acordo com as investigações, o esquema também serviu de suporte à corrupção na Petrobras.

A investigação contou com o auxílio da força-tarefa da Lava Jato, já que o esquema também foi usado para lavar dinheiro. O STF, por sua vez, autorizou o uso de trechos da delação de executivos da Andrade Gutierrez. O juiz responsável pelo caso é Marcelo Bretas, da 7ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro, que também comanda ações da Eletronuclear, em desmembramento da Lava Jato.

A Delta é citada em irregularidades em obras do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e na construção do parque aquático Maria Lenk, obra de 2006 para os Jogos Pan-americanos de 2007, segundo o procurador Leandro Mitidieri. O MPF constatou fraudes em licitações, superfaturamento, desvios de dinheiro público e pagamentos indevidos em projetos.

"Em cada uma das obras que conseguimos identificar, a Delta obteve alguma vantagem. No caso do parque Maria Lenk houve uma dispensa indevida de licitação. Há casos em que as obras sequer foram feitas", disse Mitidieri.