As comemorações do 1° de maio, Dia do Trabalhador, já começaram em Brasília, e neste momento 81 atrações musicais locais participam do evento Virada Cultural. No início da tarde, o evento foi direcionado às crianças, com apresentações teatrais e atividades lúdicas.
Organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), entre outras entidades, a Virada Cultural é também um evento de apoio à presidenta Dilma Rousseff e de crítica ao que os organizadores chamam de “golpe” do Legislativo contra ela. Estão previstas apresentações até, pelo menos, as 3h. Às 10h deste domingo (1º), as atividades serão retomadas, com atos políticos, além de uma grande roda de samba.
Mistura
A expectativa dos organizadores é que pelo menos 3 mil pessoas participem das atividades iniciadas à tarde no estacionamento entre a Torre de TV e a Sala Funarte.
“O que será apresentado aqui, com uma mistura dos mais diversos estilos e vertentes musicais indo do rock até o sinfônico, passando por forró, música popular, não será visto nunca mais. Será uma miscelânea de estilos gerando uma mistura experimental com todos os estilos. Todos tocando e cantando pela democracia”, disse a organizadora do evento, Rita Andrade. “Trata-se de um evento comemorativo, mas como os trabalhadores não estão muito felizes com o que está acontecendo no país, não deixará de ter também um teor crítico”.
A associação de música e política é, para a organizadora, mais uma das semelhanças entre o atual momento político brasileiro e o golpe de 1964. “Encontros como este têm acontecido para que nos fortifiquemos enquanto cidadãos, a fim de manter acesa a chama da democracia”, disse.
Coletivo de artistasDesse sentimento citado por Rita nasceu o grupo Artistas pela Democracia, um coletivo de 250 artistas de Brasília dos mais diversos estilos musicais. Serão eles os responsáveis pelas atrações musicais do evento. Um deles é o professor da Escola de Música de Brasília Ticho Lavenère, baterista que integrará a banda base que dará suporte às atrações musicais.
“Nosso propósito é, por meio de nossa arte, atrair o público e passar nossa mensagem de defesa da democracia, de forma suprapartidária. Não só a nossa, mas todas as artes têm o poder de destilar a essência do que é a luta pela qual passa o país nesse momento. É disso que se trata a nossa mobilização. Ninguém aqui vai tocar por cachê. Isso só acontece nas manifestações da direita”, disse Lavenère.
PúblicoSem filiação partidária mas com “simpatia pelo PT e pela esquerda”, o servidor público Marco Aurélio Lobo Castro, de 39 anos, interrompeu o passeio que fazia na Torre de TV para se juntar ao público da Virada Cultural logo no início das atividades. “Cheguei por acaso, mas tenho muita simpatia pela causa e tenho muita preocupação por ver essa história de golpe estar se repetindo no Brasil, novamente com o apoio dessa mídia traiçoeira que manda no país. Parece um círculo vicioso. É por isso que me sinto na obrigação de agir, e é por isso que estou sempre me informando e usando as mídias sociais para passar adiante as informações que a mídia não passa”, disse.
Também presente na Virada Cultural, a profissional autônoma do ramo de buffet Mayara Brito, 32, diz que “não gosta de falar de política” porque, na avaliação dela, “no atual momento todos já tem opinião formada, o que torna as discussões inférteis, inclusive a ponto de colocar em risco as amizades”.
Mayara acha que o país precisa de mudanças. “Não acho que a retirada da Dilma seja o melhor caminho. Penso que, caso isso ocorra, o ideal seria convocar eleições diretas. Quem tem de escolher o presidente é o povo, e não esse Congresso Nacional que mais parece um circo empurrando goela abaixo o que acham que a gente deve aceitar", disse. "Na verdade o que o país precisa é dar uma peneirada nesse Legislativo para ver se sobra alguma coisa que preste”.
Além da CUT, a Virada Cultural é organizada pelo Sindicato dos Professores do Distrito Federal, pelos coletivos Artistas pela Democracia e Povo sem Medo e pela Frente Brasil Popular.