Em reunião do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar nesta terça-feira (26), o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) rebateu o argumento da defesa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de que o processo no colegiado deveria se ater à representação e à decisão do 1º vice-presidente da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA).
Na semana passada, Maranhão determinou que o foco da apuração fique somente sobre a suspeita de que Cunha teria contas bancárias secretas no exterior e de que teria mentido sobre a existência delas em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. Cunha nega as acusações.
Delgado discorda dessa interpretação. “No impeachment [da presidente Dilma Rousseff], ninguém votou por conta das pedaladas, e aqui ninguém vai votar por conta da representação; a consciência do parlamentar é livre e cada um pode votar de acordo com a sua consciência”, defendeu o deputado.
DepoimentoO conselho ouve, neste momento, depoimento do lobista Fernando Antônio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado na Operação Lava Jato como operador de recursos para o PMDB no esquema de propina da Petrobras.
Baiano disse que foi à casa de Eduardo Cunha várias vezes, fato negado por Cunha.
“Eduardo Cunha também mentiu com relação a esse fato”, afirmou Júlio Delgado.
O deputado Sandro Alex (PSD-PR) questionou novamente sobre os pagamentos a Eduardo Cunha. “Nunca tratei com ele com esse nome: “propina”. Se ele me ajudasse a receber [a dívida com Júlio Camargo], combinei com ele de dar 50% do valor”, explicou Baiano.
“Esse valor é uma propina pago a um agente público de negócios da Petrobras. Isso se chama propina”, acusou Sandro Alex.
O deputado Manoel Junior (PMDB-PB) voltou a perguntar sobre pagamentos no exterior a Cunha ou se Fernando Baiano tinha informações sobre as contas truste do presidente. O empresário reafirmou que só teve conhecimento pela imprensa.