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Lula: "Quiseram matar a jararaca, mas bateram no rabo. Vamos para a rua!"

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O ex-presidente Lula deu uma entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (4), no Diretório do PT em São Paulo, após ter prestado depoimento durante a 24ª fase da Operação Lava Jato.

Emocionado, Lula desabafou: "Não precisava ter mandado coerção na minha casa hoje de manhã, na casa dos meus filhos. Mas lamentavelmente eles preferiram utilizar a prepotência, a arrogância, e fizeram um show, um espetáculo de pirotecnia. É lamentável que uma parcela do Ministério Público esteja trabalhando em associação com a imprensa", disse Lula. O ex-presidente alertou que, se com a Operação Lava Jato "quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo. Vamos para a rua!", sendo em seguida muito aplaudido pelos militantes presentes.

"Me senti prisioneiro hoje de manhã. Já passei por muitas coisas na minha vida, mas eu acho que nosso país não pode continuar assim, amedrontado, com qualquer juiz que puna alguém recebendo prêmio da Rede Globo, da revista Veja. Minha indignação é pelo fato de às seis da manhã, delegados muito gentis, por sinal, baterem na minha porta informando que estavam cumprindo uma decisão do juiz Sergio Moro. Poderiam muito bem ter me convocado para prestar depoimento em Curitiba e eu iria, sem nenhum problema", criticou. "Antes deles já éramos democratas", disse Lula, sobre os investigadores da Lava Jato.

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Ao falar de Marisa, declarou: "Ela merecia respeito". "Eu sou um homem que acredito em instituições de Estado forte. Estado forte é a garantia do estado democrático. E desde a Constituinte briguei para ter um Ministério Público forte. Mas é importante que os procuradores saibam que uma instituição forte tem que ter pessoas responsáveis", destacou Lula. Para ele, "o que aconteceu hoje era o que precisava acontecer para o PT levantar a cabeça".

O ex-presidente, que já havia se manifestado mais cedo aos filiados do Partido dos Trabalhadores, disse que uma parcela da Justiça se subordinou a alguns veículos de comunicação e deixou de lado o princípio de primeiro investigar para depois julgar. 

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"É lamentável que uma parcela do poder judiciário brasileiro esteja trabalhando com a imprensa. Antigamente se investigava, hoje a primeira coisa que se faz é determinar quem é o criminoso, colocar a cara dele na imprensa e depois criar os crimes que ele cometeu", argumentou Lula, acrescentando que não está indignado com jornalistas, mas com alguns meios de comunicação que antecipam julgamentos.

Lula voltou a afirmar que há um ato de parcela da mídia, da justiça e da oposição para que o país fique parado por mais um ano e impeça a presidente Dilma Rousseff de governar. "Se tem alguém nesse país que precisa de autonomia, esse alguém se chama presidente da Republica, porque ninguém quer que essa mulher governe o pais".

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 O ex-presidente antecipou a campanha presidencial de 2018 ao dizer que vai "rodar o País". E fez duras críticas à Globo e às denúncias diárias realizadas pela imprensa sobre o apartamento no Guarujá e o sítio em Atibaia. "Se preocupando com pedalinho que ela [Marisa] comprou por 2 mil reais para os netos? Se pudesse eu dava um iate para ela", afirmou.

"Eu quero saber quem vai me dar o apartamento, se é a Globo ou o Ministério Público", provocou o ex-presidente, acrescentando que a Globo bem que poderia lhe oferecer um triplex em Paraty (RJ). "Estou indignado com o que fizeram com a minha família", disse. "Eu acho que eu merecia um pouco mais de respeito nesse país".