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Após carta de Temer, Dilma marca encontro com o vice-presidente

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A presidenta Dilma Rousseff poderá se reunir nesta quarta-feira (9) com o vice-presidente Michel Temer, após ter recebido, na segunda-feira (7), uma carta na qual ele expõe insatisfações com o tratamento recebido no governo.

O encontro ainda não consta na agenda oficial dos dois, mas a reunião deve ocorrer por volta de 19h30, após Dilma retornar de Roraima, onde preside cerimônia de entrega de unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Nesta terça-feira (8), o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, entrou em contato com a equipe de Temer solicitando a reunião em nome da presidenta. O encontro é aguardado desde a manhã de ontem (7), quando Dilma disse que pretendia se reunir com Temer e que não vê motivos para desconfiar “um milímetro” dele.

Após a fala da presidenta, Michel Temer escreveu o comunicado endereçado a Dilma, em que diz não ser preciso “alardear publicamente” a necessidade de sua lealdade, e lista situações que o levaram a acreditar que a presidenta não confia nele e o fizeram se sentir um “vice decorativo” no primeiro mandato.

Desde que o pedido de abertura do processo de impeachment foi acatado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na última quarta-feira (2), Temer ainda não se posicionou publicamente sobre o assunto.

Carta de Temer repercute mal no PMDB 

A carta do vice-presidente Michel Temer à presidente Dilma Rousseff repercutiu muito mal na cúpula do PMDB. Segundo interlocutores próximos à direção do partido, a avaliação é que o vice se “apequenou" ao insistir em cargos no governo. Na carta, Temer menciona os cargos perdidos dos ex-ministros Moreira Franco e Edinho Araújo. Também fala nos ministérios dados ao líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani.

Os caciques do partido devem se pronunciar em algum momento sobre teor da carta na tentativa de amenizar a repercussão negativa, mas internamente as críticas foram muito duras. “Ele repetiu seu papel predileto, de gerente de RH”, criticou Renan Calheiros a um grupo de senadores lembrando do que disse publicamente em abril deste ano.

"O pior papel que o PMDB pode fazer é substituir o PT naquilo que o PT tem de pior, que é no aparelhamento do Estado. O PMDB não pode transformar a coordenação política, sua participação no governo, em uma articulação de RH (Recursos Humanos), para distribuir cargos e boquinhas", afirmou Renan.

Outro senador ligado à cúpula do PMDB também considerou “muito ruim” a carta de Michel Temer por tratar apenas de interesses pessoais e “nenhuma linha sobre a grave situação política, econômica e social do país”.

Mesmo de sorriso amarelo, os principais caciques do partido combinaram de falar que a carta de Michel Temer é um “desabafo em tom pessoal e que revela a vontade do vice presidente em participar mais das formulações do governo”. 

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Com Agência Brasil