Matéria publicada no The Wall Street Journal, dia 10 de novembro, por Craig Karmin e Will Connors, fala que a empresa Hines examina supostos pagamentos do seu chefe de operações do Brasil, relacionados com a Petrobras. A gigante Hines disse que seu chefe de operações no Brasil renunciou depois que a empresa começou a investigar pagamentos impróprios feitos para se beneficiar, com negociações relacionadas a uma das maiores empresas do Brasil. O episódio poderia se complicar na sede da Hines, em Houston, interferindo em seus investimentos no Brasil, segundo alguns investidores institucionais, este fato demonstra os perigos potenciais de investir em mercados imobiliários em que as empresas norte-americanas dependem de parceiros locais para entrar em territórios estrangeiros.
Segundo a reportagem, os supostos pagamentos se referem a relação de Hines com um grande inquilino no Brasil, que seria a gigante petrolífera estatal de Petróleo Brasileiro SA, conhecida como Petrobras. Em 2004, a Petrobras arrendou uma torre de escritórios de 36 andares no centro do Rio de Janeiro, desenvolvida pela Hines. Um relatório publicado no jornal O Globo, em julho, disse que a Hines pagou comissões para um corretor no Rio, e o boletim comprova pagamentos indevidos. A Hines disse que depois deste relatório, começou sua própria investigação para determinar se a sua equipe brasileira fez algo impróprio. "Lançamos um inquérito interno, que levantou questões suficientes a cerca desses pagamentos e decidimos compartilhar o que apuramos até agora com as autoridades", disse Hasty Johnson, vice-presidente e CEO da Hines.
O jornal americano conta que Douglas Munro, chefe da Hines no Brasil, demitiu-se logo após o início das investigações. De acordo com Hines, o senhor Munro não pode ser contactado para comentar o assunto. Hines recusou se a confirmar se sua saída estava relacionada com a investigação. De acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto, Hines está agora verificando as transferências de dinheiro realizadas no Brasil durante a última década. "Nós também iniciamos uma revisão global dos nossos controles internos e protocolos, a fim de fazer melhorias, conforme o caso", disse um porta-voz da Hines em comunicado oficial.
Alguns investidores dizem que a corrida por empresas norte-americanas para conquistar novos mercados globais pode comprometer seus padrões de confiança nos demais parceiros locais. "À medida que as organizações se tornam maiores, mais globais e mais complexas, há uma maior chance desse tipo de experiência", disse Bill Atwood, diretor-executivo do Conselho Estadual de Investimento Illinois, com US$ 15,40 bilhões sob sua gestão. Seu fundo não tem investimentos com Hines. A investigação da Hines começou ha um ano, logo após o início das investigações da chamada operação "lava-jato", responsável por uma esquema de corrupção dentro da empresa Petrobrás, envolvendo a presidência da empresa, altos executivos e políticos brasileiros.
O Sistema California Public Employees Retirement, ou Calpers, é um dos parceiros dos investimento iniciais da Hines no Brasil. Um porta-voz para o fundo de pensão avaliado em US $ 296 bilhões disse que está "monitorando a situação." O Sistema de aposentadoria de um professor do Texas é outro fundo público gigante que tem investido com Hines no Brasil. Um porta-voz do fundo do Texas disse que seu investimento Hines "não faz parte das supostas alegações." Fundada em 1957 por Gerald Hines, a empresa de Houston tornou-se uma das mais proeminentes desenvolvedoras e gerentes de imóveis do mundo. A fortuna de propriedade privada, gira em torno de $ 87 bilhões em ativos imobiliários sob gestão e está presente em 199 cidades mundo a fora.
Hines teve seu início no Brasil quando o Sr. Munro, um gerente de propriedade veterano, abriu o escritório de São Paulo em 1998. A empresa agora possui ,ou administra mais de 40 propriedades no Brasil e conta com unidades de empresas internacionais, como inquilinos como a KPMG, LLP, Nestlé SA e Sony.
Calpers entrou alguns anos mais tarde, com um investimento de cerca de US $ 100 milhões em um fundo da Hines dedicado ao desenvolvimento e gerenciamento de torres de escritórios, edifícios residenciais e armazéns no Brasil. Esse fundo gerou retornos anuais líquidas de 36,8% para Calpers, impulsionado por uma economia em afluência , até seu fechamento em 2011. No ano seguinte Calpers investiu em um segundo fundo de investimento imobiliário Hines no Brasil, que começou forte, mas tropeçou mais recentemente, quando a economia esfriou e a moeda brasileira perdeu terreno para o fortalecimento do dólar. O retorno anual de cinco anos é de 20%, segundo o site do Calpers. Mas ele perdeu 4,6% ao longo do último ano.
Hines não mostrou qualquer sinal de recuar do Brasil e contratou uma empresa head hunter para buscar um novo chefe de operações no país sul-americano.