O novo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, disse nesta quarta-feira (7) que a busca do impeachment por parte da oposição é um ato “perigoso” para o país e para a própria democracia. Segundo ele, que assumiu o cargo nesta quarta-feira, o impeachment não pode ser usado como meio de luta política. “Considero que o impeachment é um instrumento poderosíssimo para casos muito bem determinados no texto constitucional. Por isso, acho um perigo as pessoas trabalharem o impeachment como se fosse um instrumento de luta política. Ele não trata de luta política. A luta política se trata no debate no Parlamento, na eleição”, afirmou.
O ministro criticou a postura daqueles que têm agido com o objetivo de “chegar ao impeachment”. “Isso, por si só, já está errado. Tomamos um ano falando o tempo todo que se precisa construir o impeachment, mas ninguém constrói impeachment, ninguém busca. Essa é a grande subversão na minha opinião”.
Wagner acrescentou que a redução da popularidade do governante não pode ser usada como justificativa para tirá-lo do poder. “Significa dizer, se for tocada nessa toada, que toda vez que se tiver um governo que está com a taxa de popularidade baixa, com dificuldade na sua maioria congressual, é a oportunidade para o impeachment? Acho [isso] um risco muito grande, principalmente, no ano em que a gente comemora 30 anos de democracia ininterrupta. Respeito quem está pregando mas, evidentemente, discordo porque acho que é um péssimo uso de uma ferramenta de exceção”.
Jaques Wagner disse que, neste momento, o principal desafio do governo é concluir a reforma administrativa e criar um ambiente positivo para retomada do crescimento. “O anúncio dos novos ministros e os cortes de ministérios são só o começo. Qualquer economia não tem um processo de sustentabilidade definitivo. A economia sempre recebe impacto até das economias de fora”.
O ministro Jaques Wagner recebeu, na manhã desta quarta-feira (07), do ministro Aloizio Mercadante, o cargo de ministro-chefe da Casa Civil. A cerimônia de transmissão de cargo, realizada no Palácio do Planalto, foi acompanhada por ministros de Estado, governadores, prefeitos de capitais e parlamentares.
Em seu discurso, o ministro destacou a disposição ao assumir o novo desafio. “Não chego à Casa Civil com valentia, porque não é meu estilo, mas também não chego com medo. Ao contrário, chego com coragem de enfrentar os desafios que me cabem nessa tarefa”.
Wagner salientou a humildade e a abertura ao diálogo como suas principais características. “A humildade é a melhor parceira daqueles que têm desafios profundos a superar em benefício do seu país e da sua gente”.
O ministro também chamou a atenção para a preservação dos valores democráticos. “Estamos comemorando 30 anos de democracia ininterrupta e considero que essa é a conquista maior do povo brasileiro. E viver na democracia é conviver com a diversidade”.
O relacionamento com os demais poderes da República também foi lembrado pelo ministro. “À frente da Casa Civil, não pretendo ser um superministro porque não acredito nisso. Acredito em trabalho em equipe, colegiado e harmônico, entre o Executivo, o Judiciário e o Congresso Nacional, que representa toda nossa gente”.
Destacando a importância das medidas econômicas propostas pelo governo, o ministro fez uma convocação. “Quero pedir a todos os que acreditam que essa caminhada vai levar o Brasil a uma situação de retorno ao crescimento e desenvolvimento, que nós coloquemos as diferenças menores de lado e consigamos pensar naquilo que é mais importante para todos nós: no povo brasileiro, no nosso país e na busca incessante pela melhoria da democracia e da economia brasileira”.
Ao destacar o papel de articulação e coordenação desempenhado pela Casa Civil, Wagner chamou a atenção para o trabalho junto às demais pastas. “Quero ser um auxiliar de todos os ministros que, ao lado da presidenta Dilma, conduzem esse governo. Colocar o trabalho da Casa Civil para facilitar o trabalho de cada ministério na ponta”.
Trajetória – Desde o início do segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, Jaques Wagner estava à frente do Ministério da Defesa. Jaques Wagner foi governador da Bahia por dois mandatos consecutivos (2007-2014) e, no poder executivo federal, foi ministro do Trabalho (2003) e de Relações Institucionais (2005/6), além de ter chefiado o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (2004). Foi deputado federal por três mandatos e líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados.
Com Agência Brasil e Casa Civil