Às vésperas do julgamento das contas relativas ao ano de 2014, o PMDB dá sinais de que está fazendo jogo duplo com a presidente Dilma Rousseff. O partido foi contemplado com sete ministérios na Esplanada na semana passada, entre eles o turbinado Ministério da Saúde, mas não está trabalhando para evitar uma derrota do governo no Tribunal de Contas da União (TCU).
O PMDB possui três ministros no Tribunal de Contas, decisivos para qualquer votação. Todos eles já indicaram em reuniões internas que pretendem votar a favor do relatório do ministro Augusto Nardes, onde são listadas 18 irregularidades no orçamento de 2014. Raimundo Carrero é ligado ao ex-presidente José Sarney e os ministros Bruno Dantas e Vital do Rego chegaram ao TCU pelas mãos do presidente do Congresso, Renan Calheiros.
Diante da manobra operada pelo Palácio do Planalto arguindo a suspeição do relator, Renan demonstrou a insatisfação do PMDB com o gesto. O senador peemedebista conversou nesta terça-feira (6) com o presidente do TCU, Aroldo Cedraz, e desaprovou a manobra. Renan foi mais enfático na conversa que teve com Augusto Nardes, alvo da estratégia do governo.
“Ministro, quero me solidarizar e dizer que sei a pressão que você está enfrentando. Mas não devemos admitir este precedente”, afirmou Renan, referindo-se ao pedido de impedimento de Nardes.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reiterou hoje que o governo pretende ir ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso seja derrotado no afastamento do ministro Augusto Nardes nesta quarta-feira (7).