ASSINE
search button

Derrubada de vetos presidenciais nesta terça agravará crise do governo

Reforma administrativa pode ter anúncio adiado para não provocar base aliada

Compartilhar

O governo terá o seu dia D nesta terça-feira (22), quando deputados poderão analisar no Congresso os vetos da presidente Dilma Rousseff. Dos 32 vetos que estão na pauta, pelo menos três deles podem agravar a crise do governo caso sejam derrubados: o reajuste para servidores do Judiciário, a vinculação dos benefícios dos aposentados ao reajuste do salário mínimo e a flexibilização do fator previdenciário no cálculo da aposentadoria.

No Planalto, já se cogita adiar a reforma administrativa que deverá extinguir 10 ministérios, além de secretarias, e cujo anúncio está marcado para a próxima quarta-feira (23). A reforma desagrada a base aliada, que perderá cargos e pode "retaliar" o governo na apreciação dos vetos.

Para o líder do DEM na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), o governo não sabe como resolver a questão e a estratégia de adiar a reforma administrativa é falha. "Jogar a reforma para frente é simplesmente adiar o problema, tentar ganhar tempo. O governo não é mais inteligente que o Congresso. O que a presidente (Dilma) precisa fazer é reorganizar a sua base", afirma o parlamentar da oposição.

Maia garante que se os vetos entrarem na pauta de amanhã, eles serão derrubados. "Se votar, vão derrubar tudo. O governo não tem base. Os (vetos) que têm relação com o setor público são os mais difíceis de o governo segurar", avalia.

O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) argumenta que a mobilização contínua e constante dos servidores do Judiciário em Brasília está pressionando as opiniões dos parlamentares. "Não há tanta mobilização dos aposentados, mas esse veto também será derrubado. Essa é a temperatura atual no Congresso. Aliás, a presidente não ter base de sustentação não é novidade".

No Congresso, a gravidade do impacto com a derrubada dos três principais vetos já é vista pela oposição como mais um capítulo da derrocada do governo. O deputado Wadih Damous (PT-RJ) admite que há receio com os desdobramentos da votação. "Existe, de fato, o temor de uma articulação que tem o simples objetivo de prejudicar as contas do governo".

Damous reiterou o discurso do governo de que a oposição vem trabalhando de forma golpista nas votações e nos ataques à presidente Dilma. "Votar vetos presidenciais faz parte da atividade legislativa. Agora, vetar com o simples intuito de derrubar o governo, isso tem outro nome, se chama golpe".

Nesta segunda-feira (21), em reunião da coordenação política no Planalto, a presidente Dilma pediu dedicação de ministros e interlocutores do Congresso na articulação pela manutenção dos vetos. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem encontro hoje com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para tratar do assunto.

O líder do governo no Congresso, deputado José Guimarães (PT-CE), deve se pronunciar sobre a expectativa em relação à votação. Líder do PMDB na Câmara, o deputado Leonardo Picciani (RJ), também comentará ainda nesta segunda-feira (21) a apreciação dos vetos da presidente Dilma.

Congresso analisa 32 vetos na próxima terça-feira