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Situação da economia e do gasto público não é culpa de Dilma, diz economista

Para Schymura, a forte desaceleração não foi provocada pela "nova matriz macroeconômica"

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Para o diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) Luiz Guilherme Schymura, a atual situação da economia brasileira e do gasto público não é “culpa da presidente Dilma Rousseff”. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, nesta sexta-feira (7/8), Schymura afirma que a forte desaceleração da economia brasileira não foi provocada pela "nova matriz macroeconômica" adotada pelo governo. Segundo ele, é resultado do processo de democratização do país e das reivindicações da sociedade por melhores serviços públicos. Para o diretor do Ibre, o gasto público é crescente porque existe uma demanda da sociedade por mais democracia e melhores serviços públicos.

Na entrevista ao Valor, Schymura comentou  a eclosão dos protestos de rua, em 2013: “Já li e conversei muito sobre isso, mas ainda não vi uma resposta para o fato de que tivemos em 2013 o início daqueles movimentos de rua num contexto de queda do desemprego, aumento do salário médio real, inflação domesticada”. De acordo com ele, a explicação é que as pessoas querem mais e querem serviços públicos decentes. “Hoje, temos uma economia vivendo uma situação traumática, com contração do PIB de 2,2% [projeção do Ibre para 2015], inflação que subiu de 6% para quase 10%. Tenho dificuldade em entender como é que não há mais manifestações”.

De acordo com Schymura, a queda do Produto interno Bruto (PIB) está relacionada ao menor ritmo de crescimento da economia mundial e, principalmente, a um problema fiscal que, nos anos do governo Lula, foi "disfarçado" pelo aumento constante da arrecadação tributária. “Na época do Lula , a receita crescia em torno de 10% ao ano em termos de reais . A despesa crescia 7%. Então, o problema do gasto crescente estava disfarçado. “Não foi por decisão de Dilma que o gasto cresceu. Cresceu porque o gasto cresceu.

À frente do Ibre, ele tem procurado ampliar o debate. Em 2013, convidou Nelson Barbosa, atual ministro do Planejamento e representante da escola desenvolvimentista, a trabalhar no Ibre. "Não defino, de forma alguma, o Ibre como um centro do pensamento liberal. O instituto tem, até por tradição, uma corrente liberal muito forte, mas não estamos fechados, disse  ao Valor Econômico.

Schymura destacou na entrevista que o Ibre não tem opinião:  ”É por isso que tento me manifestar o mínimo. Quero atrair as várias correntes do pensamento para melhorar o entendimento da economia do país.

O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) é o "think tank" mais antigo do país, fundado em 1951 por três expoentes do pensamento liberal nacional: Eugênio Gudin, Alexandre Kafka e Roberto Campos. PhD pela EPGE, a escola de pós-graduação da FGV do Rio.

>> Lei a entrevista na integra aqui