Um órgão regulador bancário nos Estados Unidos, a Controladoria da Moeda, contesta as contas do ex-senador Gilberto Miranda no Royal Bank of Canada (RBC). Reportagem do Wall Street Journal o aponta como dono de uma fortuna de US$ 500 milhões, três casas, quatro fazendas e um Rolls Royce. Para o jornal norte-americano, o dilema envolvendo o brasileiro evidencia os riscos regulatórios de mercado emergentes potencialmente lucrativos.
"Durante a agressiva campanha do Royal Bank of Canada RY para atrair clientes do crescente grupo de super-ricos da América Latina, um executivo do banco em Miami fisgou um peixe grande: Gilberto Miranda Batista, ex-senador brasileiro que tem uma fortuna de US$ 500 milhões, três casas, quatro fazendas e um Rolls Royce", destaca a reportagem do WSJ.
O jornal aponta que Miranda que acumulou sua fortuna de mais de US$ 500 milhões ajudando empresas a obter licenças para iniciar operações em Manaus, no Estado do Amazonas. Investigadores internos do RBC concluíram que Magalhães estava envolvido em negociações de câmbio não documentadas.
Filho de família pobre de São José dos Campos, ex-professor de natação, Gilberto Miranda ganhou espaço na alta sociedade e na política, se envolvendo em uma série de escândalos. Nos anos 1990, ligado a José Sarney, dominou a Zona Franca de Manaus. Durante certo período, conta o jornalista Luis Nassif em seu blog, só conseguia cotas de importação quem passasse por ele.
Diretores do Royal Bank of Canada chegaram a recomendar que as contas do ex-senador fossem fechadas em 2007, para evitar problemas com reguladores globais por potencial lavagem de dinheiro. Segundo o Wall Street Journal, o executivo de Miami, Dirceu Magalhães, contudo, conseguiu argumentar contra o desligamento do cliente, mesmo depois que um processo acusando o ex-senador de corrupção foi aberto, em 2012.
As contas de Miranda atraíram a atenção de órgão regulador bancário dos Estados Unidos em 2013, que considerou os sistemas de proteção contra a lavagem de dinheiro do RBC insatisfatórios.
Entre os escândalos em que esteve envolvido, Miranda foi indiciado pela Polícia Federal por participação no esquema denunciado pela Operação Porto Seguro, e, em fevereiro de 2014, tornou-se réu na Justiça Federal de São Paulo pelo crime de corrupção. Também foi a figura principal no escândalo dos precatórios.