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SP: com políticos em baixa, apresentadores de TV conquistam eleitores

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No papel de apresentadores em programas televisivos jornalísticos, eles conquistaram a admiração e credibilidade de milhões de telespectadores, que podem agora externar este sentimento nas urnas. A aparição - cada dia mais crescente - de apresentadores de TV como candidatos a cargos políticos pode ser interpretada como um termômetro da insatisfação dos eleitores pela classe política.

Aproveitando este prestígio, somente esta semana dois nomes despontaram da telinha diretamente para a corrida eleitoral para a Prefeitura de São Paulo em 2016. Na segunda-feira, o apresentador do Brasil Urgente, da Band, José Luiz Datena, confirmou a sua candidatura à disputa municipal, pelo Partido Progressista (PP). Dois dias depois, João Dória Jr, também apresentador na mesma emissora, anunciou a sua intensão de ser candidato à Prefeitura paulista pelo PSDB. Os dois vão enfrentar um forte opositor oriundo do mesmo metiê, o deputado Celso Russomanno (PRB). Em uma pesquisa feita pelo Instituto Paraná e divulgada na semana passada, Russomanno aparece liderando as intenções de voto para as próximas eleições para prefeito na capital paulista.

Carlos Manhanelli, especialista em marketing político, avalia que a palavra que mais traduz este fenômeno é "desilusão", no caso da população pelos políticos brasileiros. "Quando o povo vai às urnas tem sempre esperança de uma vida melhor. Então, este descrédito [nos políticos] acaba favorecendo isso [a candidatura de apresentadores e midiático]", esclarece o especialista. Manhanelli observa que os midiáticos estão "invertendo a mão, aproveitando a ferramenta de conhecimento". 

Como acontece todos os anos neste período, o Ibope divulgou nesta quinta (30) um estudo dos índices de confiança da população brasileira em suas instituições. 

Um dos pontos da pesquisa tem como foco os partidos políticos, o que vai mede o grau de insatisfação dos eleitores e as reais chances dos novos apresentadores-políticos. O levantamento aponta que as instituições políticas brasileiras passam por uma crise de confiança no país, com base no Índice de Confiança Social (ICS), realizado pelo Ibope Inteligência. Algumas instituições que tiveram queda de confiança em 2013, conseguiram uma pequena elevação em 2014, o que não aconteceu com as instituições políticas, que caem novamente neste ano.

Em uma escala que vai de 0 a 100, sendo 100 o índice máximo de confiança, os Partidos Políticos mantêm a última colocação do ranking, com 17 pontos, praticamente metade do índice que obtiveram em 2010 (33 pontos) e 13 pontos a menos do que no ano passado. O Ibope ouviu 2.002 pessoas com mais de 16 anos em 142 municípios, entre 16 e 22 de julho.

Pesquisa nacional divulgada no início de julho, do Instituto Datafolha, ouviu mais de duas mil pessoas em 135 municípios. De acordo com o levantamento, a sociedade não confia em instituições ligadas à política. O Congresso Nacional ocupa a 13º colocação e, em último, estão os partidos políticos. Dos entrevistados, 82% afirmam não confiar no Congresso Nacional. Já com relação aos partidos, 91% não confiam.

Um estudo do Ibope em abril deste ano  reforça as mesmas tendências de opinião pública. A preferência dos brasileiros por algum partido político bateu um recorde negativo. Segundo os dados, 66% dos brasileiros (duas em cada três pessoas) não têm simpatia por nenhuma sigla, percentual mais alto desde 1988, quando o instituto passou a acompanhar a preferência partidária da população.