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PF: Odebrecht e Andrade Gutierrez estão envolvidas em crimes além da Petrobras

Procurador citou a usina de Angra 3 durante enrevista coletiva

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Em coletiva na manhã desta sexta-feira (19), o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima detalhou as investigações e prisões na 14ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta madrugada e que prendeu os presidentes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez. De acordo com o procurador, estas empreiteiras lideravam o cartel na Petrobras, e estão envolvidas em crimes além da estatal. Santos Lima citou a usina de Angra 3, do Rio de Janeiro. 

Os executivos das duas empresas, Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo, foram presos e, de acordo com o procurador, a expectativa é que eles sejam ouvidos neste fim de semana. A nova fase da Lava Jato foi deflagrada nesta sexta-feira em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Foram emitidos 12 mandados de prisão. Deste total, três ainda não foram cumpridos: César Ramos Rocha (Odebrecht) não foi localizado; e Elton Negrão, executivo da Andrade Gutierrez, e Paulo Roberto Dalmazzo (Odebrecht) vão se apresentar ainda nesta sexta, segundo a PF.

Entre os detidos estão: Odebrecht - Marcelo Odebrecht, presidente, prisão preventiva; João Antônio Bernardes, ex-diretor, prisão preventiva; Alexandrino de Salles, prisão temporária; Cristiana Maria da Silva Jorge, consultora, prisão temporária; Márcio Faria da Silva, prisão preventiva; Rogério Santos de Araújo, prisão preventiva. Andrade Gutierrez - Otávio Marques de Azevedo, presidente, prisão preventiva; Antônio no Pedro Campelo de Souza, prisão temporária; Flávio Lucio Magalhães, prisão temporária.

De acordo com a PF, os executivos são suspeitos de crime de formação de cartel, fraude em licitações, corrupção de agentes públicos, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. "Cada um deles, em sua medida, teve uma participação, uma contribuição para que esses crimes fossem realizados", disse o delegado Igor Romário de Paula.

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na 1ª instância, faz as seguintes observações em despacho sobre as prisões: "Considerando a duração do esquema criminoso, pelo menos desde 2004, a dimensão bilionária dos contratos obtidos com os crimes junto a Petrobras e o valor milionário das propinas pagas aos dirigentes da Petrobras, parece inviável que ele fosse desconhecido dos Presidentes das duas empreiteiras, Marcelo Bahia Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo. Além disso, há provas e fatos específicos que os relacionam aos crimes, como a aludida mensagem eletrônica enviada a Marcelo Bahia Odebrecht sobre sobrepreços em contratos de sonda e a ligação entre Otávio Marques de Azevedo e Fernando Soares, um dos operadores do pagamento de propinas."

"Não importa o tamanho da sua empresa, sua capacidade ou poder econômico. Isso jamais vai ser prerrogativa para não ser investigado", disse o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima ao iniciar sua fala sobre esta etapa da Lava Jato, que foi batizada de "erga omnes" (válido para todos). "Não temos dúvida alguma que a Norberto Odebrecht e a Andrade Gutierrez capitaneavam o esquema de cartel dentro da Petrobras", completou.

De acordo com os investigadores, no caso das empreiteiras anteriores investigadas na Lava Jato, o esquema delatado pelo doleiro Alberto Youssef era relativamente simples. Agora, o esquema de lavagem de dinheiro envolve depósitos no exterior. "Tivemos que nos aprofundar muito na coleta de provas", disse o procurador.

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal destacaram que a Odebrecht e a Andrade Gutierrez agiam de forma mais sofisticada no esquema de corrupção e fraudes de licitações da Petrobras. Esse diferencial, de acordo com Santos Lima, estava justamente no pagamento de propina a diretores da estatal via contas bancárias no exterior. 

De acordo com o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, três colaboradores – entre eles, os ex-diretores da Petrobras, presos em fases anteriores da Lava Jato, Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco – disseram que receberam propina da Odebrecht no exterior, por meio de empresas offshore. Esses pagamentos, segundo Lima, foram identificados pela PF e pelo MPF após colaboração com autoridades estrangeiras.

“Observou-se que, nas empreiteiras que foram denunciadas até aqui, o contato era diretamente com o [doleiro] Alberto Youssef e as empresas dele, em um esquema relativamente simples e fácil de comprovar. Entretanto, o esquema de lavagem que deparamos agora é de depósito no exterior”, explicou Lima. Foram citados Panamá e Mônaco.

“Uma série de colaboradores nos indicaram os caminhos dos valores no exterior e isso reforçou, neste momento, a necessidade do pedido da prisão dos executivos dessas empresas”, acrescentou o procurador. “Esses colaboradores indicam que essas empresa fizeram pagamentos no exterior, então identificamos as empresas offshore que intermediaram os pagamentos. Quando temos três colaboras, o nível de confirmação aumenta consideravelmente”, completou.

Todos os presos serão levados para a carceragem da PF, em Curitiba, ainda nesta sexta-feira. 

Dos total de mandados expedidos pela Justiça, oito são de prisão preventivas, quatro de temporárias, 38 de busca e apreensão e nove de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento.

Os mandados de busca e apreensão serão cumpridos em Jundiaí (1), São Paulo (17), Rio de Janeiro (16), Belo Horizonte (2) e Porto Alegre (2). Os de prisão preventiva em São Paulo (4), Rio de Janeiro (3) e Minas Gerais (1). Os de prisão temporária serão cumpridos em São Paulo (2), Rio de Janeiro (2). Já os de condução coercitiva serão em São Paulo (5), Rio de Janeiro (3) e Porto Alegre (1).

>> Empreiteiras dizem que colaboram com a PF desde o início da Lava Jato

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