Os ônibus do transporte coletivo de Porto Alegre voltaram a circular normalmente nesta terça-feira após 15 dias de paralização. Segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), por volta das 5h não havia nenhum piquete nas portas das garagens e a expectativa é de que o atendimento funcione em sua totalidade hoje.
Em assembleia marcada pela divisão da categoria, os rodoviários de Porto Alegre decidiram na noite de ontem recusar o acordo encaminhado mais cedo em audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Apesar da manutenção da greve, os motoristas e cobradores determinaram a retomada da circulação de 100% da frota de ônibus já na manhã desta terça.
Segundo os líderes rodoviários, o serviço será mantido de forma integral pelo menos até o dia 17, data prevista para que a Justiça do Trabalho julgue a ação de dissídio coletivo da categoria. Dependendo do resultado do julgamento, não estão descartadas novas paralisações.
Principal novidade em relação às propostas de acordo anteriores, o fim do banco de horas foi justamente o fator que definiu o "racha" do movimento, já que não era considerada um avanço para funcionários da Carris, empresa pública que já não conta com essa modalidade. Para motoristas e cobradores das empresas privadas, no entanto, a proposta era vista como "a maior conquista da categoria nos últimos anos". Apesar disso, ao fim da votação prevaleceu a vontade do grupo liderado pelos funcionários públicos.
Além do fim do banco de horas, o acordo intermediado pelo TRT, proposto pelo sindicato patronal, previa 7,5% de reajuste salarial, aumento de R$ 3 no vale-alimentação e contribuição de R$ 10 de cada funcionário para o plano de saúde e o fim do banco de horas.
Sindicato lamenta decisão
Confirmada a manutenção da greve, o diretor de Divulgação e Propaganda do Sindicato dos Rodoviários, Emerson Dutra, o "Balinha", não escondia a frustração pelo resultado da assembleia. "É lamentável. Há 12 anos existe esse banco de horas, e é um verdadeiro câncer para o trabalhador. É uma das nossas maiores conquistas e a gente perde porque a Carris não tem banco de horas", queixou-se.
Resignado, Alceu Weber creditou a decisão "à incompreensão" por parte dos rodoviários em relação às conquistas garantidas no acordo. "Os funcionários da Carris não têm o banco de horas, mas essa decisão teria impacto direto nas jornadas entre os intervalos, que garantiriam o pagamento de horas extras aos trabalhadores", disse.
Apesar da divisão em relação à greve, o presidente da comissão destacou a unidade do movimento quanto à retomada da circulação dos ônibus. "A liminar estipulava 70% dos ônibus circulando nos horários de pico e 30% nos demais horários, e a categoria decidiu superar essa decisão, colocando desde já 100% nas ruas. É algo que nem a prefeitura, nem as empresas tiveram coragem de fazer, garantir o serviço mesmo sem nada definido", afirmou.