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Senador brasileiro diz que Molina corria risco de vida em La Paz

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O presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), disse nesta segunda-feira (26) que o senador oposicionista boliviano Róger Pinto Molina tem direito a asilo político no Brasil porque estava sendo perseguido pelo governo do seu país e submetido a condições desumanas. O próprio Molina irá ao Senado nesta terça-feira (27) para relatar o drama que viveu durante 465 dias em um quartinho da embaixada brasileira em La Paz, depois de acusações mútuas entre ele e o governo de Evo Morales.

"O senador Molina estará à disposição da imprensa brasileira para responder a quaisquer questionamentos", anunciou Ferraço, ao ser ouvido pelo programa Conexão Senado. A entrevista coletiva do parlamentar boliviano está marcada para esta terça, às 15h, na sala 7 da Ala Alexandre Costa.

O líder da oposição desembarcou à 1h10 deste domingo (25) no aeroporto internacional de Brasília acompanhado por Ferraço. Ele deixou La Paz em um carro da embaixada brasileira e viajou 1.600 quilômetros até Corumbá (MS), por autorização do chefe de chancelaria, ministro Eduardo Saboia, que substitui temporariamente o embaixador Marcel Biato.

Molina denunciou o envolvimento de autoridades bolivianas com o narcotráfico e é por elas acusado de corrupção e crime ambiental. Ele estava asilado na embaixada brasileira na Bolívia desde 28 de maio de 2012, em condições psicológicas muito ruins.

"Quando recebi o comunicado do ministro Eduardo Saboia de que Molina corria o risco de vida, não tive efetivamente outra iniciativa, porque não sei ser omisso quando um semelhante passa por uma dificuldade como essa.  Foi um ato de solidariedade humana", contou o parlamentar brasileiro.

Em nota divulgada no domingo, o Ministério das Relações Exteriores informou que abrirá inquérito para apurar a saída de Molina, e tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis. O governo boliviano também informou que irá apurar o caso.

Crise

Na opinião do senador pelo Espírito Santo, as autoridades diplomáticas bolivianas e brasileiras estão fazendo "tempestade em copo d'água". Ele lembrou que durante reunião da Cúpula Mercosul realizada em julho, os presidentes dos países membros do bloco regional aprovaram um documento determinando que os estados membros não podem “impedir a implementação” do direito de asilo.

"Asilo político é ato de soberania nacional. O  governo federal concedeu asilo político [a Molina] há mais de um ano. O que é inexplicável é que o governo da Bolívia não tenha concedido salvo-conduto para que ele pudesse deixar o país. Por isso eu não vejo razão para crise. A crise se daria se esse senador, em profunda depressão, pudesse definhar e morrer na embaixada", argumentou o presidente da CRE.

A comissão deverá em breve ouvir o ministro Eduardo Saboia sobre o assunto.

Com informações da Agência Senado