Sérgio Cabral vai exercer todo seu poderio econômico e político de governador do estado para pressionar os dez prefeitos do PT no Rio a darem apoio ao vice, Pezão, na campanha do próximo ano. O encontro, marcado para um almoço no Palácio Guanabara, será uma continuação da reunião realizada no último dia 11 pelo prefeito de Niteroi, Rodrigo Neves – ex-secretário de Cabral – que tinha o mesmo objetivo e representou um confronto com a decisão do Diretório Estadual do PT que decidiu pela candidatura própria.
O jovem e arrojado Rodrigo Neves, de 37 anos, levou um puxão de orelha da bancada do PT na Assembleia Legislativa por ter organizado a reunião com os prefeitos. Ao final desse encontro, a maioria dos dez prefeitos petistas não assinou a nota distribuída pela assessoria de Neves e, constrangidos e acuados, sequer comentaram a reunião. A segunda etapa da pressão, no almoço desta segunda, também colocará os prefeitos numa situação difícil. Segundo uma alta fonte do PT do Rio, não há como eles recusarem o ”convite” de Cabral e o encontro, ressalta, deverá ser “um verdadeiro festival de constrangimentos”.
O almoço organizado pelo governador faz parte de sua tática de manter o PT do Rio sob tensão e, indiretamente, pressionar a presidente Dilma a aceitar Pezão como candidato único nas eleições do próximo ano. Aproveitando-se de um momento delicado por que passa a presidente, Cabral não deixa passar o momento que lhe é favorável e volta à carga usando todas as armas que estão à sua disposição.
Fazendo as pazes
Na passagem de Dilma pelo Rio, para lançar o PAC 2 na Rocinha, Cabral e Pezão organizaram uma verdadeira claque formada por moradores de outros bairros que lotaram diversos ônibus fretados, para dar um clima de campanha ao evento. Para Dilma não restou alternativa a não ser um discurso educado e de reafirmação da parceria com o governador. Nesse momento, para a presidente, não seria interessante manter uma relação estremecida com Cabral, após ficar sob ataque da mídia por conta dos resultados dos indicadores econômicos. Recentemente, Dilma e Cabral tiveram as relações abaladas por conta do açodamento do governador de empurrar o vice como candidato único da coligação.
Dilma precisa de Cabral e da parcela da opinião pública carioca que apoia o governador. Ao participar do evento na Rocinha, a presidente sinalizou com uma trégua para não ter abalos em sua pré-campanha e nem agravar o quadro de sua popularidade. O momento delicado em que se encontra a presidente, com queda de aceitação, mesmo que ainda não esteja em níveis preocupantes, acaba reduzindo sua atuação política. Por seu lado, Lindbergh Farias, pré-candidato do PT ao governo do Rio, estrategicamente sai de campo e se preserva. Por enquanto, o placar está favorável a Cabral, mas como ainda falta um longo caminho para as urnas, muita coisa pode mudar.