ASSINE
search button

Polícia ouve hoje bombeiros que atuaram no resgate a vítimas da Kiss

Compartilhar

A Polícia Civil de Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul, retomou na manhã desta quarta-feira os depoimentos sobre a tragédia na boate Kiss, que provocou a morte de 239 pessoas. De acordo com o delegado Marcos Vianna, a polícia espera ouvir nesta tarde os bombeiros que prestaram atendimento às vítimas após o incêndio, na madrugada do dia 27 de janeiro.

"Estamos colhendo os depoimentos de algumas vítimas desde as 9h. Os bombeiros não vieram pela manhã, mas são aguardados na parte da tarde", disse o delegado. Segundo ele, os agentes começaram a ser ouvidos na última quarta-feira, mas os depoimentos foram suspensos durante o Carnaval.

Ainda de acordo com Marcos Vianna, não há novidades nos depoimentos já colhidos. Ele acredita que o resultado da perícia na boate, que ainda não foi concluída, deve ajudar a elucidar a tragédia. A polícia também aguarda para esta semana o resultado de análises de sangue das vítimas que vai apontar as substâncias tóxicas que foram inaladas durante o incêndio.

Uma das pessoas que ainda deve prestar depoimento é o coronel reformado dos Bombeiros Daniel da Silva Adriano, que liberou o funcionamento da boate em 2009. No entanto, segundo o delegado, ainda não há previsão sobre o dia em que o coronel será ouvido.

Incêndio na Boate Kiss

Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada do dia 27 de janeiro, em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo tenha iniciado com um artefato pirotécnico lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.

Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou, foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate, e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos. A tragédia gerou uma onda de solidariedade tanto no Brasil quanto no exterior.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Na segunda-feira, quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investigava documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergiam sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.