Brasília - A classe média brasileira, que ganhou 35 milhões de novos membros nos últimos dez anos, já responde por 51% do total de cartões de crédito que estão nas mãos dos consumidores. Segundo dados do presidente do instituto Data Popular, Renato Meirelles, a classe média também detém 52% do total de contas correntes abertas no sistema bancário nacional. Esse estrato social também responde por 45% do total de planos de previdência privada. Segundo Meirelles, os dados mostram que as políticas governamentais devem levar em consideração medidas econômicas que contemplem esse público.
"A formalização da economia, a carteira assinada, deu possibilidade de consumo a essas famílias, mas não significa que elas estejam satisfeitas com o sistema bancário. Na pesquisa que fizemos, 58,7% das pessoas da classe média disseram que mudaria de banco por juros mais baixos", afirmou Meirelles nesta quinta-feira, durante o lançamento do estudo "Vozes da Classe Média", em Brasília. O levantamento é da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, em parceria com a Caixa e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O estudo mostra que a principal diferença entre a classe média e a classe alta é a quantidade de anos de estudo. No caso do estrato mais alto da sociedade, a média é de 12 anos de escolaridade, enquanto na classe média esse número é de oito anos. No entanto, isso tende a mudar, já que 49% dos filhos da classe média têm mais anos de estudo que os pais.
Mesmo que a educação seja um dos fatores determinantes para a ascensão social, os dados do estudo mostram que a classe média ainda não percebe o estudo como investimento: 58% dos entrevistados da classe média concordam que a renda de uma pessoa será maior quanto mais anos de estudo ela tiver - mesmo percentual de pessoas da classe baixa. Na classe alta, essa parcela chega a 64%.