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Ana de Hollanda: 'ninguém me avisou que eu ia sair' 

Irmã de Chico Buarque chorou durante o discurso de despedida

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Ao deixar o cargo de ministra da Cultura nesta quinta-feira, Ana de Hollanda se disse surpresa com a decisão da presidente de demiti-la. No entanto, a ex-ministra não se declara triste ou magoada com Dilma Rousseff. "Nada pode ser permanente, eternamente igual", afirmou. Ana de Hollanda é a 13ª a deixar o governo em 21 meses de Dilma como presidente.

"Ninguém tinha me avisado que eu ia sair, mas eu sempre soube que o convite meu foi um convite muito pessoal da presidenta e eu tenho uma gratidão, uma fidelidade porque ela que está fazendo a coisa. Se eu sou uma fã dela pelo trabalho geral, eu tenho que entender se ela precisa, se ela acha que tem que dar a pasta para outra pessoa, é inteiramente natural", disse, sem declarar o motivo real pelo qual Dilma pediu seu cargo.

Ana de Hollanda chorou em seu discurso de despedida, mas nega que tenha sido por pesar. "Em nenhum momento foi de tristeza, foi de emoção", afirmou. Ela negou ainda que sua demissão tenha sido pela carta enviada ao ministério do Planejamento pedindo mais recursos para a Cultura. O gesto teria incomodado a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e a própria presidente da República.

"É normal, todo ministro tem que defender sua pasta, tem que mostrar os problemas. Conversei com ela no dia, depois. Tenho certeza que não tem a ver com a saída", garantiu.

Trajetória de Ana de Hollanda- O nome de Ana de Hollanda apareceu em todas as previsões de substituições da chamada reforma ministerial, feita a conta-gotas pela presidente entre o fim de 2011 e o início deste ano. A demissão, no entanto, nunca se confirmava.

Mesmo mantendo a discrição, qualidade apreciada pela presidente, Ana de Hollanda foi alvo de denúncias em alguns deslizes. Ainda no ano passado, a ministra utilizou de maneira irregular cinco diárias por dias não trabalhados. Ela teve de devolver o valor total de R$ 2.905 aos cofres públicos. Na ocasião, Dilma enviou um dos seus principais interlocutores, o ministro da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, para tranquilizar a ministra.

Neste ano, outra polêmica. A ministra teria recebido oito camisetas do Império Serrano para que ela e amigos desfilassem pela agremiação carioca. O presente foi recebido após a pasta ter desbloqueado o CNPJ da escola. O assuntou parou na Comissão de Ética Pública da Presidência, mas o processo foi arquivado.

A última da ministra foi a redação da carta para Miriam Belchior na qual ela reclamava do corte orçamentário em sua pasta no mês passado.