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Pagot revela que Demóstenes interferiu por empresa Delta

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Em depoimento à CPMI do Cachoeira, na manhã desta terça-feira, o ex-diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, revelou que o ex-senador Demóstenes Torres interferiu para que a construtura Delta fosse beneficiada com algumas obras do PAC. Segundo Pagot, o pedido aconteceu durante um jantar na casa de Demóstenes.

"Desse jantar participaram o dono da construtora, Fernando Cavendish, o diretor Claudio Abreu e outros executivos da companhia. O senador me chamou em uma sala reservada e disse que tinha dívidas junto à Delta, que sempre apoiou suas campanhas. Precisava de obras com o carimbo dele. Eu respondi que lamentava, mas não podia ajudá-lo", afirmou Pagot. 

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O ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) disse também que nunca foi conivente com desmandos ou atos de corrupção.

Ele disse que ficou "extremamente estarrecido", primeiro com seu afastamento e depois com sua exoneração. "Foi um episódio amargo na minha vida. Depois, quando começava a me restabelecer, depois de um período em que me sentia um morto-vivo, um fantasma, tive a notícia de que um contraventor e o diretor de uma empresa tinham sido responsáveis por minha saída", afirmou.

Pagot assumiu o cargo de diretor-geral do Dnit em 2007 e foi afastado em 2011, após denúncias de irregularidades que forçaram também a saída do então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e abriram uma crise política entre o PR e a presidente Dilma Rousseff.

“O momento de minha saída, sem qualquer possibilidade de defesa, foi sob o prisma de absoluto isolamento”, disse.

Escutas telefônicas da Polícia Federal revelaram articulações do contraventor Carlinhos Cachoeira contra Pagot, por ter contrariado interesses da construtora Delta. No dia 10 de maio de 2011, segundo gravações da PF, Cachoeira disse ao representante da empresa no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, que “plantou” as informações contra Pagot na imprensa. “Enfiei tudo no r... do Pagot”, diz Cachoeira na gravação.

Pagot disse também que, em 2010, havia problemas com a execução de várias obras da Delta. "Em vários processos em andamento no TCU e na rede de controle implantada pelo governo (formada por Controladoria-Geral da União, Tribunal de Contas da União, Ministério Público Federal e Polícia Federal), muitas vezes fui informado de que a Delta estava com problemas", disse.

Por exemplo, citou que, na BR-116, no Ceará, A Delta tinha subcontratado uma empreiteira local sem autorização do Dnit. Na BR-104, em Pernambuco, havia uma reivindicação de um aditivo de preços, que não foi aceito. Ele citou também uma obra no Mato Grosso na qual havia uma grande quantidade de placas de concreto que estavam fora do padrão do contrato, e o Dnit exigiu sua troca.

"Tudo isso foi motivo de grande insistência de Cláudio Abreu. Esses fatos foram gerando um dissabor", disse.

"Acredito que, por causa desses fatos todos, ele [Cláudio Abreu] tomou a decisão junto com o contraventor de patrocinar a matéria jornalística que provocou minha saída do cargo", afirmou.

Pagot afirmou que não conheceu Carlos Cachoeira nem sabia do seu envolvimento com a construtora Delta.

Decisões colegiadas

Ele se definiu como “um fazedor, trabalhador incansável e obstinado, cumpridor de suas obrigações e preocupado com o bem-estar do próximo”.

Pagot ressaltou que todas as tarefas do Dnit dependem da diretoria colegiada, formada por ele e mais seis diretores. “O diretor-geral só pode executar qualquer ato administrativo ou modificá-lo após aprovação da diretoria colegiada”, afirmou.

Disse também que as atividades do Dnit são alvo de fiscalização permanente. “Além de auditoria interna, os atos da administração passam pelo crivo do controle interno e externo, com auditores permanentemente instalados no Dnit, entre eles os integrantes da Controladoria-Geral da União (CGU)”, disse.

“Em 2010, mesmo com o aumento extraordinário do volume de obras, comemoramos a ausência do Dnit na lista de obras paralisadas pelo TCU por irregularidades”, declarou. “Superamos 1.100 contratos e serviços de obras em execução, pagando mais de R$ 1 bilhão por mês”, acrescentou.

Com informações das agências Câmara e Senado