Mensalão: Advogado minimiza participação de Simone Vasconcelos 

Por Luiz Orlando Carneiro, Brasília

O advogado Leonardo Yarochewsky, defensor de Simone Vasconcelos, ex-diretora financeira da empresa de publicidade SMP&B, de Marcos Valério, procurou caracterizar como secundária a atuação da ré, em 55 minutos de sustentação oral. Na ação penal do mensalão, ela é acusada de formação de quadrilha para a prática dos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

De acordo com Yarochewsky, a “funcionária” da empresa de Valério — assim como a outra ré Geiza Dias — limitava-se a fazer saques e a entrega do dinheiro usado para corromper parlamentares dos partidos da chamada base aliada na votação de projetos de interesse do governo, conforme a denúncia do procurador-geral da República. Elas também foram acusadas de participação na escolha das pessoas que deveriam ser beneficiadas com o dinheiro do mensalão.

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“Simples empregada”

“Simone Vasconcelos deveria figurar como testemunha deste processo porque o depoimento dela foi citado, quando do oferecimento da denúncia, apenas oito vezes. Nas alegações finais, por 11 vezes a acusação faz referência a Simone Vasconcelos. Isto porque muito do que o acusador sustenta é baseado nas palavras de Simone, que, em todo momento que foi ouvida, traz a mesma versão, com transparência e integridade”, destacou o advogado.

Ainda segundo ele, a ré era “simples empregada, e o dinheiro não lhe pertencia”. E chegou a dizer: “Isso (o processo) remonta à idade medieval, em que o indivíduo era punido por aquilo que remonta ao Código de Hamurabi. O que mais se faz nesse processo é culpar pessoas pelo cargo que ocupava, ou porque ocupava cargo em determinado banco, ou em determinado partido, ou em determinada agência de publicidade”.

O advogado de Simone Vasconcelos insistiu no fato de que ela não conhecia nem sabia quem eram os parlamentares que teriam recebido dinheiro. Só sabia que se tratava de “empréstimos” para o PT. “O que o patrão faz com o dinheiro não cabe ao funcionário questionar”, afirmou o advogado, a fim de reforçar a defesa no sentido de que a ré não poderia ser condenada por crimes de quadrilha e corrupção ativa.  

Os outros

Na lista de sustentações orais da sessão do STF desta terça-feira está ainda os defensores de Geiza Dias, gerente financeira da SMP&B acusada de ajudar a distribuir recursos do chamado valerioduto, e Kátia Rabello, ex-presidente do Conselho de Administração do Banco Rural, onde continua como acionista.